Congresso online: o impacto da Inteligência Artificial no cenário eleitoral de 2024
  • 22.10
  • 2024
  • 08:30
  • Ramylle Freitas

Formação

Congresso online: o impacto da Inteligência Artificial no cenário eleitoral de 2024

As ferramentas de Inteligência Artificial (IA) proporcionam um avanço na sociedade no que tange a tecnologia, mas também aumentam a circulação de desinformação, especialmente no período eleitoral. Nesta palestra, gravada para o 19º Congresso da Abraji, Liz Nóbrega, repórter no *desinformante, e Matheus Soares, jornalista no *desinformante e mestre em Ciências da Comunicação, explicam o que é o cruzamento da desinformação com a IA e dão exemplos de como ela está sendo utilizada para desinformar e criar conteúdos eleitorais nocivos.

Matheus Soares contextualiza que, apesar da explosão do ChatGPT no final de 2022, o campo de pesquisa desse tipo de tecnologia é mais antigo do que o momento em que a sociedade vive atualmente. “É no início dos anos 50 que esse campo começa a se articular e se formar, atrelado ao desenvolvimento da computação.”

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O jornalista explica que, nos últimos anos, houve um grande desenvolvimento da arquitetura digital e produção de dados, responsáveis pelo aperfeiçoamento das IAs. “E aí veio a revolução do ChatGPT e das IAs generativas. Uma IA generativa é um sistema que utiliza essa tecnologia para criar conteúdos; por isso, são chamadas de generativas.”

Hoje, a gente tem o desenvolvimento de IAs que aceitam criar conteúdos a partir de outras imagens, vídeos e áudios, mostrando o desenvolvimento dessas tecnologias e o impacto que elas vão trazer para o ecossistema informacional”, disse Matheus.

Desinformação e IA

Sobre a relação entre a desinformação e a Inteligência Artificial, Liz Nóbrega apresenta o ecossistema da desordem informacional criado pela pesquisadora Claire Wardle, que exemplifica algumas questões para compreender como o fenômeno da desinformação é complexo.

Liz Nóbrega relata que o ecossistema é composto por três elementos: a falsidade, quando uma informação é genuinamente falsa; o dano, quando a informação é criada com a intenção de gerar dano, e a desinformação, que é o cruzamento da falsidade com o dano. 

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A desinformação não tem um consenso do seu conceito, mas ,a partir do olhar proposto por Claire Wardle, a gente entende a desinformação como uma informação falsa que foi criada deliberadamente para enganar. Dentro disso, a gente pode entender um contexto falso, a criação de um conteúdo fraudulento, manipulado ou até um conteúdo fabricado”, explicou. 

Como a IA pode gerar e amplificar a desinformação

De acordo com a jornalista, a IA acelera os processos de desinformação. “Se antes a gente precisava de um ser humano para criar um texto e pensar numa narrativa, agora você pode pedir para um chatbot criar uma matéria que emula o jornalismo de uma forma muito rápida com um prompt e, em questão de segundos, você tem uma matéria que traz informações falsas sobre vários temas.”

Liz Nóbrega pontua, também, que a manipulação de imagens sofre essa aceleração graças à Inteligência Artificial. “Antes a gente precisava de alguém que entendesse de Photoshop, hoje em dia tem inúmeros aplicativos que fazem isso.”

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Acerca das imagens manipuladas e criadas pela IA, ela faz um alerta sobre polarização. “Outro fator que eu queria trazer é a polarização, que não seria necessariamente a amplificação de uma desinformação, mas a amplificação de um discurso que cria um terreno muito fértil para desinformação [...] pesquisas já mostram como a imagem traz um apelo emocional muito maior do que o texto, então, a IA também é utilizada nesse contexto, para aumentar a polarização política do país.

IA nas eleições 

Segundo Matheus Soares, 2024 é considerado o megaciclo eleitoral, com mais de 60 países realizando suas eleições e, muitos deles, com a presença generalizada de IAs. “Em fevereiro deste ano, tivemos as eleições presidenciais da Indonésia, em que também foi bastante utilizada a IA generativa para a construção de conteúdos políticos.

A campanha do Prabowo Subianto, que venceu as eleições da Indonésia, utilizou bastante ferramentas de IA generativa para a criação de conteúdos. Em uma delas, o eleitor poderia criar uma deepfake junto com o candidato. E a própria campanha incentivava as pessoas a postarem nas redes sociais essas deepfakes”, comentou. 

O jornalista conta que as deepfakes em formato de áudio já são realidade no Brasil durante o período pré-campanha. “Já existem alguns áudios considerados deepfakes e a Polícia Federal está investigando se esses conteúdos foram produzidos por IA.

E esses áudios no WhatsApp dificultam ainda mais a checagem desse tipo de conteúdo justamente pela arquitetura da plataforma, que é uma plataforma criptografada para garantir a privacidade das mensagens, mas fica muito difícil a gente conseguir rastrear”, complementou Liz Nóbrega.

Patrocinadores 

O 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e do curso de Jornalismo da ESPM.

Patrocinaram o 19º Congresso: Google News Initiative, Luminate, Grupo Globo, JSK Journalism Fellowships, Albert Einstein - Sociedade Beneficente Israelita Brasileira, Agence Française de Développement (AFD), Transparência Internacional - Brasil, SBT News, Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Jusbrasil, International Center for Journalists (ICFJ), Atricon, Abert, Basília Rodrigues Comunicação, Alma Preta, Folha de S. Paulo, Abracom, Fundação Lemann, Natura, Alright, YouTube, Revista Cenarium, JB Litoral, RConsortium, Fogo Cruzado, Fundo Brasil, Poder 360, Internews, Serrapilheira, Artigo19, Report for the World, Meio e UOL.

Foram parceiros institucionais do evento: Aberj, Galápagos Newsmaking, Jeduca, Portal Imprensa, Agência Mural, Vida de Jornalista, Núcleo, DiversaCom, Knight Center, ANJ, Pacto pela Democracia, Fórum De Direito de Acesso a Informações Públicas, Inova.aê, Oboré e Textual Comunicação.

Assinatura Abraji