- 05.05
- 2021
- 11:30
- Abraji
Formação
Congresso on-line discute como aumentar presença de negros e negras na imprensa brasileira
O Coletivo Lena Santos, de Minas Gerais, vai promover o 1º Congresso Nacional de Jornalistas Negras e Negros, entre os dias 14 e 16.mai.2021. O objetivo é refletir sobre a presença, participação e desafios dos profissionais negros nas redações do país. Os idealizadores também querem apresentar caminhos para combater a desproporcionalidade racial nos veículos de imprensa no Brasil.
Segundo o último Perfil do Jornalista Brasileiro, os profissionais pretos e pardos não chegam a um quarto do total de profissionais nas redações, enquanto representam mais da metade da população brasileira - cerca de 56%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O congresso quer reforçar a importância da diversidade racial dentro das redações e mostrar que a construção de um jornalismo verdadeiramente democrático envolve a inclusão de jornalistas negros e negras.
Entre os convidados estão Manoel Soares, da Globo, Flavia Lima, ombudsman da Folha de S.Paulo, Flavia Oliveira, da GloboNews, além de acadêmicos que pesquisam o tema. Maju Coutinho, âncora do Jornal hoje, abre a programação, na sexta-feira, 14.mai.2021, às 19h30. Equipes da mídia negra, como Alma Preta, Notícia Preta, Negrê e Geledés também são palestrantes. Para participar, os interessados poderão acompanhar pelo canal do Youtube do coletivo e se inscrever no botão abaixo.
Clique aqui para se inscrever.
Segundo Márcia Maria Cruz, repórter do jornal Estado de Minas e uma das idealizadoras do evento, o coletivo foi gestado para debater questões antirracistas dentro do jornalismo, que também precisa incluir pessoas com deficiência e população LGBTQIA+.
“Quando conseguimos levar essa diversidade de corpos para redações, o jornalismo se torna mais democrático, porque você amplia a possibilidade de assuntos e de temas que vão ser pautados. Você começa a questionar o uso da própria linguagem e a perguntar o uso correto de determinados termos e o que isso implica. No jornalismo, a linguagem é fundamental. Então, refletir sobre os termos e as abordagens nas nossas reportagens é muito importante para a qualidade do jornalismo”, afirmou Márcia Maria Cruz.
O Coletivo Lena Santos, criado em 2019, iniciou quando duas jornalistas mineiras pesquisavam vozes negras em comunicação e identificaram outros comunicadores atuando em redações e mídias de Minas Gerais. Batizado em homenagem à Lena Santos, uma das primeiras jornalistas negras a ocupar uma bancada de jornal no país, o coletivo busca construir uma comunicação antirracista e representativa.
O jornalista Nelson Nunes, que integra coletivo Lena Santos, menciona um aspecto preocupante sobre a questão a qual o congresso se debruça: além de haver poucos profissionais negros atuando no jornalismo, há menos ainda nos cargos de chefia. Recentemente, a Abraji mostrou que a discrepância se replica em outros países, como Estados Unidos e Alemanha, onde raramente os postos de poder são ocupados por não brancos.
“Essa mudança de mentalidade passa pela criação, por parte das empresas de comunicação, de programas que privilegiem a entrada de pessoas negras e apoio explícito para que elas consigam ascender aos cargos de editor, chefe de redação, redator, etc. Quando essa questão fica apenas na conta do racismo estrutural, tanto as empresas quanto os que possuem cargos de chefia se eximem de promover estratégias de inclusão que possam mudar esse cenário”, disse Nunes, um dos organizadores do congresso.
À frente dessa iniciativa pioneira estão ainda Bruno Torquato, Etiene Martins, Gabriel Araújo, Milena Geovana, Queila Ariadne, Rafael Francisco, Sandra Flávia e Vinícius Luiz.
Confira a programação:
14.mai.2021
19h30: Abertura
Boas-vindas | Maju Coutinho (Rede Globo)
Conhecendo Lena Santos | Zora Tikar Santos (Multiartista e pesquisadora de comida afro-mineira)
Congresso de Jornalistas Negras e Negros | Márcia Maria Cruz (Estado de Minas/Coletivo Lena Santos/Observatório da Notícia)
20h: “Conferência Negritude em pauta: onde está o contraditório no jornalismo?” com Manoel Soares (Rede Globo). Mediação: Márcia Maria Cruz (Estado de Minas/Coletivo Lena Santos/Observatório da Notícia)
15.mai.2021
10h: “Profissionais negros no jornalismo esportivo: presenças e ausências” com Henrique Frederico (Esporte e Raça), Caio Freitas (Central Multimídia Atlético-MG), Rodrigo Franco (Rede Globo), Ivan Drummond (Estado de Minas), Eduarda Gonçalves (O Tempo), Júlio Oliveira (SporTV). Mediação: Josias Pereira (Esporte e Raça/Coletivo Lena Santos).
14h: “Enegrecendo a tela: profissionais negras e negros no telejornalismo” com Ethel Corrêa (TV Alterosa), Diego Sarza (CNN Brasil) e Fabiana Almeida (Rede Globo). Mediação: Etiene Martins (Jornal Afronta/Livraria Bantu/Coletivo Lena Santos).
16h: “Nossa voz - potências periféricas” com René Silva (Voz das Comunidades) e Valéria Almeida (Rede Globo). Mediação: Tábata Poline (Rolê nas Gerais/Rede Globo/Coletivo Lena Santos).
18h: “Empretecer a cobertura econômica - Uma conversa” com Flavia Oliveira (Globo/CBN/GloboNews/Angu de Grilo). Mediação: Edilene Lopes (Rádio Itatiaia/Coletivo Lena Santos).
16.mai.2021
10h: “Griot – Histórias do mestre ao profissional” com Gloria Metzker, Arnaldo Viana (Estado de Minas) e Elton Antunes (UFMG). Mediação: Názia Pereira (Coletivo Lena Santos).
14h: “Pesquisa sobre raça, gênero e jornalismo” (Grupo Coragem – UFMG) com Rafael Francisco (Coragem UFMG), Eliane Estevão (Cedecom UFMG/Coletivo Lena Santos) e Tatiana Carvalho Costa (Coragem UFMG/Coletivo Lena Santos). Mediação com Vivian Campos (Coragem UFMG).
16h: “Constituir uma mídia negra no Brasil: desafios e conquistas” com Pedro Borges (Alma Preta), Igor Rocha (Notícia Preta), Larissa Carvalho (Negrê) e Viviane Pistache (Geledés). Mediação: Gabriel Araújo (Coletivo Lena Santos) e Silvana Monteiro (Coletivo Lena Santos).
18h: Encerramento
“Atuação antirracista no jornalismo brasileiro: perspectivas e caminhos” com Flávia Lima (Folha de São Paulo), Arthur Bugre (Rádio UFMG Educativa) e Tiago Rogero (Vidas Negras/Negra Voz). Mediação: Iaçanã Woyames (Coletivo Lena Santos).