- 11.05
- 2022
- 14:30
- Abraji
Liberdade de expressão
Conferência Global do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa discute segurança de jornalistas
A Conferência Global do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, realizada pela UNESCO em Punta del Este (Uruguai), entre 2 e 5.mai.2022, teve como tema "Jornalismo sob cerco digital" e abordou, entre outros assuntos, a segurança de jornalistas e as diferentes formas de assédio à imprensa. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) participou de quatro das mais de 60 sessões do evento.
A conferência incluiu palestras sobre o 10º aniversário do Plano de Ação das Nações Unidas sobre a Segurança dos Jornalistas e a Questão da Impunidade. Foram debatidos os progressos e aprendizados da última década, e os desafios que ainda precisam ser enfrentados. Segundo a UNESCO, o Plano de Ação “visa criar um ambiente livre e seguro para jornalistas e trabalhadores da mídia, tanto em situações de conflito como de não-conflito, com o objetivo de fortalecer a paz, a democracia e o desenvolvimento em todo o mundo”.
Para Tawlik Jelassi, diretor-geral adjunto de comunicação e informação da UNESCO em Paris, é fundamental “tirar algumas lições para orientar nossas decisões no futuro”. Ele salientou a importância de buscar o apoio de outras forças democráticas para garantir a liberdade de imprensa.
Outro assunto de destaque da conferência foi a violência contra mulheres jornalistas. Ricardo Perez Manrique, presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, enfatizou que o número de ataques a mulheres jornalistas é mais preocupante do que os direcionados a seu colegas homens. Estatísticas do último Estudo Online Global Sobre Violência Contra Mulheres Jornalistas ICFJ-UNESCO apontam que impactos na saúde mental foram os mais frequentemente identificados (26%) entre as participantes da pesquisa. O estudo mostra que quase metade delas (48%) disseram terem sido assediadas com mensagens privadas indesejadas.
Em sua fala de abertura no “Diálogo de alto nível sobre liberdade de imprensa e o Plano de Ação da ONU sobre a segurança de jornalistas e a questão da impunidade”, a moderadora Cristina Zahar, secretária executiva da Abraji, disse, citando o estudo, que 73% das mulheres profissionais de mídia experimentaram violência online relacionada ao seu trabalho. “As consequências são autocensura nas redes sociais, além de impactos na saúde mental e na produtividade”, destacou.
A conferência também contou com o lançamento do Safe Box, ferramenta on-line de armazenamento seguro lançada pela organização francesa Forbidden Stories. Caso o profissional de imprensa seja ameaçado, sequestrado, preso ou assassinado, a rede de jornalistas formada pela ONG poderá continuar o trabalho do colega, publicando-o em diversos países. A Abraji é parceira da iniciativa no Brasil, e Cristina Zahar participou da sessão de lançamento em Punta del Este.
Outras duas mesas contaram com Zahar como palestrante: “Desenvolvimento de princípios para uma assistência eficaz à mídia”, organizada pelo Global Forum for Media Development (GFMD) e Center for International Media Assistance (CIMA), e “Deveríamos falar sobre a desinformação de gênero”, organizada pela Association for Progressive Communications (APC) e que contou com a presença de Irene Khan, relatora especial da ONU para liberdade de expressão e opinião.
Além de Zahar, a estagiária do Programa Tim Lopes, Heloisa Fortes, realizou a cobertura do evento para a UNESCO por meio do projeto Youth News Room. Os jovens jornalistas realizaram entrevistas com os participantes e escreveram reportagens e editoriais sobre o evento que incluíram fotos e vídeos.
Heloisa Fortes foi a única brasileira selecionada, e seus trabalhos sobre a conferência podem ser encontrados nos links abaixo: