Como repórteres de emissoras de TV e rádio nos EUA estão trabalhando de casa

Uma das maiores associações de Jornalismo Investigativo do mundo, a Investigative Reporters and Editors (IRE, na sigla em inglês), promoveu, no dia 28.mar.2020, um seminário online sobre como repórteres de redes americanas deixaram a redação, o estúdio e as entrevistas presenciais para trabalhar em casa, respeitando o confinamento, mas sem deixar de cobrir a pandemia do novo coronavírus.

Lee Zurik, diretor de investigações da Gray Television e repórter-chefe de investigações da  WVUE, de Nova Orleans, recebe ajuda da família para montar o seu home estúdio para aparições ao vivo nos principais telejornais regionais. O lado positivo, diz ele, é que antes a engrenagem e a produção para entrevistar um especialista eram muito maiores e complexas; Quase sempre envolviam o transporte em um carro, deslocamentos longos com trânsito, dois ou três profissionais da emissora, e um agendamento prévio com o entrevistado. Neste momento, a informalidade está ajudando a conversar com os cientistas.

Eric Flack, da WUSA9 em Washington, conta que cada dia é um aprendizado. “O importante é aceitar o fato de estar fazendo seu trabalho de casa, sem reproduzir o ambiente do estúdio ou da rua. Cometemos erros, mas tudo faz parte”. Os jornalistas têm feito entrevistas pelas redes socais e entrevistas usando recursos como Zoom, Hangout, Skype e outras plataformas digitais.

Entre as dificuldades listadas estão: ausência de ajuda presencial dos funcionários de Tecnologia da Informação (TI) para, por exemplo, ajudar a destravar aspectos da transmissão, e a falta de convivência com a equipe.

Megan Cloherty, especializada em crimes e justiça para a WPOT, expressa esse sentimento de não participar do ambiente da redação, com vários aparelhos de TV ligados, internet de maior capacidade, e colegas em alerta. “Tenho a sensação de que estou sempre atrás dos outros, desatualizada”.

Os jornalistas também aconselham a conversar com o entrevistado antes para preparar a entrevista e a gravar depoimentos com celulares na horizontal, para melhor exibição na tela da TV.

É possível assistir à íntegra do seminário em inglês aqui. Todas as dicas técnicas sobre microfones, jeitos de fazer e equipamentos necessários estão neste documento, também em inglês.

A maior parte das organizações de jornalismo do mundo têm concentrado esforços para treinar, discutir e ajudar os repórteres que estão na linha de frente da cobertura, como a Global Investigative Journalism Network, que programou uma série de webinars para auxiliar na cobertura da pandemia. O primeiro será no  dia 2.abr.2020, e as inscrições podem ser feitas neste link.