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Como planejar um texto de jornalismo cultural?

Conselhos de Jonathan Levy e Héctor Feliciano para os bolsistas Gabriel Garcia Márquez de Jornalismo Cultural de 2014

Texto publicado em 12 de março de 2014 no site da FNPI. Escrito por Jorge Tirzo. 

Elaborar uma reportagem ou resenha pode ser complicado. Fazer isso com um enfoque cultural, ao contrário do que muitos pensam, requer um esforço adicional. Falar de cultura é muito mais do que resenhar as belas artes.

Jonathan Levi e Héctor Feliciano deram início aos trabalhos da segunda edição da Bolsa Gabriel Garcia Márquez de Jornalismo Cultural. Os bolsistas, vindos de 11 países diferentes, têm como objetivo produzir um trabalho sobre o cinema ou a cultura popular. Para isso, aproveitaram dois espaços excepcionais: O Festival internacional de Cinema de Cartagena (FICCI) e a cidade de Aracataca.

Ambos os professores deram conselhos e apoio aos bolsistas sobre as pautas que elaboraram. Alguns conselhos-chave foram:

Conselhos de Jonathan Levi:

 

  1. Prender o leitor logo no início: “Um bom texto de jornalismo cultural deve prender o leitor como fazem nas revistas. Nas capas só vemos uma pessoa muito conhecida ou um tema atraente que nos leva a ver as histórias que estão dentro. O início de um texto também deve ser atraente para o leitor. Uma vez que o fisgamos, devemos levá-lo para conhecer a história completa.”
  2. Contar histórias: “As audiências geralmente querem seguir uma história, porque isso os mantém interessados no tema. Apesar de escrever muitas coisas ao mesmo tempo, todos devem ter uma linha narrativa para guiá-los.”
  3. Aproveitar o enfoque cultural: “Escrever com um enfoque cultural pode ser uma vantagem. Algumas vezes, quando se aborda um tema pelo lado político, as pessoas não se sentem confortáveis discutindo o assunto. Fazer essa abordagem através do ponto de vista cultural pode nos ajudar a descobrir coisas que outro tipo de jornalistas não poderiam descobrir.”

 

Conselhos de Héctor Feliciano:

  1. Ter cuidado ao escrever em primeira pessoa: “As produções jornalísticas em primeira pessoas são difíceis de escrever, mas são muito atraentes porque os leitores se identificam com elas. A vantagem da primeira pessoa é que a audiência pode nos acompanhar no processo, mas devemos conquistar sua confiança.”
  2. Entrevistar pessoalmente: “Sempre devemos tentar fazer as entrevistas pessoalmente ou por Skype. Fazê-las por questionário no e-mail é uma perda de tempo. Uma entrevista ao vivo é sempre uma negociação. Não se está apenas fazendo perguntas, mas sim negociando ideias e visões com o entrevistado.”
  3. Ser modesto nas entrevistas, mas demonstrar conhecimentos: “Deve-se ir a uma entrevista da forma mais modesta possível, mas deve-se deixar claro para o interlocutor que se conhece aquilo que está sendo discutido. Quando o entrevistado percebe que o jornalista sabe do que está falando, ele pode falar com mais profundidade. Isso faz com que os entrevistados falem como se estivessem falando a eles próprios. A situação ideal para uma entrevista é que o entrevistado possa falar como se não estivesse à frente de um jornalista.”
  4. Siga um personagem: “Tente encontrar um personagem para guiar sua história. Pode ser uma pessoa qualquer que sirva de exemplo para algo muito maior.”
  5. Torne-se o correspondente dos leitores: “Lembre-se que você é o correspondente do leitor para ir a um lugar, conseguir uma informação e trazê-la de volta. Sempre temos que nos ver como mediadores modestos. Ver-nos como alguém que serve como mediador da informação é útil porque nos leva a considerar o leitor. É uma forma de controlar nosso ego.”


Assinatura Abraji