- 28.03
- 2016
- 07:52
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Como o ritmo e a densidade das palavras da transmissão de notícias no rádio afetam o que as audiências lembram e entendem
Texto de Margarita Guzman, publicado em 09 de março de 2016, no site do Journalist´s Resource.
Marshall McLuhan, o famoso filósofo da teoria da comunicação, cunhou a frase: “O meio é a mensagem.” Com essa expressão, McLuhan destacava como o meio que apresenta a mensagem pode influenciar a maneira como essa mensagem é interpretada ou percebida. Na sociedade moderna, somos bombardeados continuamente com informações através de nossos computadores, TVs, rádios, celulares e uma grande variedade de outras mídias. O presidente executivo do Google, Eric Schmidt, foi muito citado entre 2010 e 2011, dizendo que agora criamos muito mais informações em questão de dias do que criamos entre o inicio da civilização e o ano de 2003.
Em meio a essa investida das informações, organizações de mídia e jornalistas querem saber como fazer suas mensagens se destacarem. Eles também querem ter a certeza de que suas mensagens são fáceis de entender e memoráveis. Mas qual é a melhor maneira de fazer isso? Que características uma mensagem deve ter para garantir que isso aconteça?
Uma pesquisa de uma professora de comunicação e psicologia da Espanha fornece novos insights que podem ajudar jornalistas que trabalham em rádio. Em seu estudo de 2015, publicado na revista Media Psychology, Emma Rodero da Universidade Pompeu Fabra explora a reação entre padrões de linguagem oral e o cérebro humano. Ela buscou determinar o quão rapidamente ou lentamente alguém deve falar e quanta informação deve ser incluída em áudios para que possam ser entendidos e processados o mais efetivamente possível. Para o estudo “Influence of Speech Rate and Information Density on Recognition: The Moderate Dynamic Mechanism”, Rodero reuniu grupos de estudantes de comunicação como amostra e pediu para que eles escutassem notícias de rádio nas cinco editorias: esporte, cultura, sociedade, nacional e internacional. Esses clipes de notícia, extraídos da rádio pública da Espanha, tinham diferentes padrões de discurso com diferentes velocidades de fala. Eles também variavam em relação à densidade, ou à quantidade de informação incluída nos áudios, que tinham cerca de um minuto cada. Um total de 200 estudantes participaram do estudo.
Os resultados incluem:
Quando solicitados para avaliar a velocidade dos áudios de notícias, os estudantes consideraram 150 palavras por minuto uma velocidade baixa. Um ritmo de 170 a 190 palavras por minuto foi avaliado como “normal” e uma notícia com 210 palavras por minuto foi considerada rápida.
As gravações de notícias que os estudantes tiveram mais dificuldade para compreender representaram lados opostos do espectro, nos termos de velocidade de palavras e densidade de informação. Itens noticiosos de baixa densidade que continham 150 palavras por minuto e itens de alta densidade com 210 palavras por minuto foram os mais difíceis de serem compreendidos.
Quando os participantes foram testados para avaliar a quantidade de informação de que se lembravam, eles foram capazes de recordar uma menor quantidade de informações a partir de clipes de baixa densidade e de baixa velocidade - 150 palavras por minuto - e clipes de alta densidade e alta velocidade - 230 palavras por minuto.
A notícia que é entregue muito lentamente não consegue ganhar a atenção de um ouvinte, enquanto a notícia que é entregue muito rapidamente produz "sobrecarga cognitiva." Afirma a autora do estudo: "Com 230 [palavras por minuto], o ouvinte é incapaz de manter e processar as informações recebidas."
As notícias de que os participantes se lembravam melhor foram as que tinham uma velocidade de 170 a 190 palavras por minuto, independentemente da densidade de seu conteúdo.
Este estudo indica que a velocidade da fala, em uma gravação de áudio, afeta o quão persuasiva ela pode ser. Rodero afirma que suas descobertas "podem ter repercussões significativas para apresentadores e estações de rádio."