Como cobrir protestos de forma segura
  • 03.09
  • 2021
  • 14:20
  • Abraji

Formação

Liberdade de expressão

Como cobrir protestos de forma segura

O Programa Tim Lopes, da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), lembra aos jornalistas e aos correspondentes estrangeiros as medidas de segurança que podem ser tomadas para cobrir as manifestações do dia 7 de setembro, na próxima terça-feira. O objetivo é oferecer informações para que os jornalistas se protejam e tentem evitar ser agredidos durante a cobertura de protestos. 

Em 2014, a Abraji lançou o Manual de segurança para cobertura de manifestações no Brasil, depois de ouvir profissionais que foram agredidos em manifestações. De lá para cá, aumentou o número de agressões a jornalistas em mobilizações. 

Algumas dicas permanecem:

  • Planeje com antecipação a cobertura que pretende realizar. 
  • Conheça o contexto social e político que motiva os atores: que fatos recentes antecederam esta manifestação, qual a atitude geral em relação aos meios de comunicação, o que pensam sobre o meio em que você trabalha, você possui características que podem gerar algum risco adicional (como o fato de ser mulher, num contexto que envolva risco de violência sexual), existem grupos com antecedentes de violência contra jornalistas?
  • Use identificação visível à distância se considerar que isso representa maior proteção. Esconda a identificação e mimetizese com as pessoas ao redor, se for o caso. 
  • Use uma mochila leve, fácil de abrir e fechar e que se prenda bem ao corpo, facilitando seu deslocamento. 
  • Ao chegar ao local, faça um mapa mental, identificando o posicionamento da Tropa de Choque e da Cavalaria. Estes grupos especiais podem estar situados a uma ou mais quadras de distância, fora da visão dos manifestantes. É importante prever de onde eles podem vir e em que direção correr, caso haja ordem de dispersão. 
  • Ao filmar abordagens policiais, evite acercar-se pelas costas de policiais envolvidos na situação. Prefira as laterais. Nunca toque policiais que tenham sacado armas - especialmente os fotógrafos, que costumam pedir espaço para conseguir melhor ângulo. Lembre-se que os envolvidos na situação podem estar tensos e reagir de forma inesperada ao que considerarem uma ameaça. 
  • Tente evitar tirar muitas fotos, ou filmar por períodos muito longos uma única pessoa ou um pequeno grupo de pessoas. Isso pode causar uma impressão de que essa pessoa/ grupo pode estar sendo ameaçada/o. 
  • Fale sempre a verdade e evite alterações. Mantenha-se calmo e assuma uma postura subserviente. Lembre-se, seu único objetivo nessa hora é sobreviver e sair dessa situação. 
  • Na primeira oportunidade, solicite relatório do máximo de pessoas possível e explore os seguintes aspectos:
    1. O que foi planejado.
    2. O que foi executado.
    3. O que deu certo.
    4. O que deu errado.
    5. O que você faria diferente.
    6. Lições aprendidas para todos da empresa.

No ano passado, a Abraji traduziu uma série de páginas ou Resource Pages, do GIJN, com textos de orientação atualizados produzidos por grupos internacionais de liberdade de imprensa e segurança de todo o mundo. Leia esta matéria.

CPJ tem novos guias

Por ser uma organização internacional, os manuais, guias e notas de segurança do Comitê para Proteção de Jornalistas incluem diversas situações que podem ser enfrentadas por jornalistas locais ou correspondentes estrangeiros em diferentes países, para que possam adaptá-las ao seu contexto. Repórteres que trabalham como freelancer ou autônomos, algo que está se tornando cada vez mais comum, também devem conferir a nota de Segurança física: Fazendo reportagens solo.

Em julho de 2021, o CPJ atualizou as orientações de Segurança Física: Cobrindo manifestações públicas e distúrbios, um texto abrangente que começa com tópicos sobre o planejamento da cobertura, transporte e comunicação com a equipe - inclusive em casos de detenção, como citado nesse texto, além dos específicos para os jornalistas que estarão acompanhando os protestes, desde sobre o que usar ou evitar, como se posicionar, ao que deve estar mais atento, melhor forma de agir em caso de uso de gás lacrimogênero ou de lidar com agressões, até os cuidados com a segurança digital.

Também vale mencionar que o Sindicato de Jornalistas de São Paulo fará plantão na data do dia 7 de setembro, de forma a trazer orientações na cobertura. Leia mais a respeito aqui. Confira o plantão por este link. Há também a cartilha  "VIOLÊNCIA EM MANIFESTAÇÕES - guia para jornalistas".

Assinatura Abraji