- 22.03
- 2014
- 12:05
- Unicos.cc
Cidades brasileiras precisam de planos de mobilidade
Publicado no site Unicos.cc, por
Mariana Blauth (3º semestre de Jornalismo/Unisinos)
Após o período de grandes reivindicações populares que ocorreram em 2013 no Brasil, a busca por melhorias na mobilidade urbana tornou-se assunto evidente na sociedade. Contudo, a implantação de um planejamento eficiente para o deslocamento depende da participação popular, do poder público e do papel da mídia, assunto que foi tratado hoje durante o 2º Seminário Regional de Jornalismo Investigativo, em Porto Alegre.
No Brasil, ao mesmo tempo em que o transporte público não tem qualidade necessária, milhares de carros circulam pelas vias e a população pouco anda a pé ou utiliza a bicicleta como meio de locomoção. Clarisse Linke, diretora do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), pontua que a demanda por transporte é maior do que a capacidade de planejamento e investimento em infraestrutura. “O investimento é míope e nada sustentável”, afirma. Segundo ela, a taxa de motorização no Brasil é baixa se comparada a índices europeus e norte-americanos, por exemplo. Apesar disso, a mobilidade é diferente. “Eles usam os carros de uma forma mais inteligente”.
Para ela, existe a necessidade de que as cidades sejam planejadas para facilitar os meios de transporte alternativos. “Fazer com que a população migre para o transporte público não é simplesmente oferecê-lo, envolve questões culturais. Não existe uma cultura de planejamento no país. Precisamos de um novo modelo de cidade”, menciona a diretora.
Para Clarisse, a lei que trata sobre mobilidade urbana tem como requisito a participação popular, o que leva a um grande questionamento: como isso ocorrerá e quais grupos serão envolvidos? “O processo de participação exige tempo e maturação”, responde a profissional.
Clarisse Linke argumentou que é necessário um planejamento de mobilidade para as cidades brasileiras. (Foto: Matheus Fernandes)
Existem, no Brasil, questões culturais relacionadas à mobilidade urbana e à necessidade de ter um automóvel. O repórter do jornal Zero Hora André Mags dá o exemplo: “O Brasil é um país em que o povo está acostumado a ouvir falar sobre a necessidade de ter uma carteira de motorista”, afirma.
A diretora de operações da EMBARQ Brasil, Daniela Facchini, afirma que existe a possibilidade de as vias do país serem utilizadas de forma mais eficiente. Meios de transporte como ônibus e bicicletas transportam um maior número de indivíduos por hora, por exemplo.
De acordo com ela, a qualificação do transporte público consiste na conectividade, tempo de viagem e confiabilidade que o usuário espera do sistema, para se locomover com eficiência. “A única forma de a cidade atender a todos é tendo um sistema único, integrado, multimodal e estruturante”, aponta.
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