• 02.12
  • 2016
  • 09:23
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CESeC anuncia vencedores do Prêmio Gilberto Velho Mídia e Drogas 2016

O Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), da Universidade Cândido Mendes, divulgou hoje em seu site os nomes dos vencedores do Prêmio Gilberto Velho Mídia e Drogas 2016, o primeiro do Brasil dedicado a estimular a cobertura de políticas e legislação relacionadas às drogas. Além do resultado do concurso, também estão disponíveis no site do Prêmio entrevistas dos ganhadores sobre os bastidores das reportagens.

A jornalista Débora Melo, da Carta Capital, ganhou o prêmio principal, no valor de R$ 7 mil, pelas três reportagens que inscreveu: “O Brasil entra no mapa da medicina psicodélica”; “Osmar Terra e o retrocesso na política de drogas” e “A cracolândia no centro da disputa política em São Paulo” (esta, com colaboração do jornalista Tadeu Amaral). 

O segundo lugar, com prêmio no valor de R$ 3 mil, foi destinado à jornalista Alessandra Mendes, pela reportagem “100% irregulares: vistorias em 42 comunidades terapêuticas apontam violações de regras e direitos”, publicada pelo Jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte.

Em terceiro lugar, levando o prêmio no valor de R$ 2 mil, foi escolhida a jornalista Ana Luiza Voltolini Uwai, com a reportagem “Nosotras: Quem são as bolivianas presas em São Paulo”, publicada pela edição brasileira do Le Monde Diplomatique.

Como ocorreu em 2015, o júri decidiu conceder duas menções honrosas, ambas no valor de R$ 1 mil. Os vencedores foram as reportagens “Maconha: não basta ser contra ou a favor, é preciso entendê-la”, de autoria da jornalista Fernanda Teixeira Ribeiro, publicada pela revista Mente e Cérebro; e “Drogas: Os caminhos das políticas públicas no Brasil”, assinada pelo jornalista Juliano Amengual Tatsch, e veiculada pelo Jornal do Comércio, de Porto Alegre.

“É importante ressaltar que o júri se orientou não apenas pela originalidade das matérias, mas também pela importância política dos temas tratados. Reportagens sobre disputas em jogo na definição de políticas de drogas; comunidades terapêuticas; e a dramática situação das estrangeiras presas no Brasil, lançam luz sobre os desdobramentos pouco discutidos em relação às drogas no país”, afirma a coordenadora do Prêmio Gilberto Velho, Julita Lemgruber.

 “Esse ano recebemos inscrições de mais veículos de cidades do interior do Sul e de São Paulo. O tema da maconha medicinal, que foi dominante no ano passado, perdeu força”, diz a também coordenadora Anabela Paiva.

A seleção
Criado em 2014  como o primeiro prêmio do Brasil dedicado ao tema das drogas, o Prêmio Gilberto Velho recebeu este ano 60 inscrições, de 31 veículos, abrangendo sete  estados brasileiros. No dia 18 de novembro, o júri se reuniu no Rio de Janeiro para escolher os vencedores.

Participaram da votação a jornalista Andrea Dip, da Agência Pública; a coordenadora do curso de jornalismo da UFRJ, Cristiane Costa; o pesquisador da Fiocruz Francisco Inácio Bastos; o antropólogo e escritor Luiz Eduardo Soares; o editor-chefe do RJ TV, da TV Globo, e conselheiro da Abraji Marcelo Moreira; o sociólogo e pesquisador do Cebrap Mauricio Fiore; e a cientista social e coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), Silvia Ramos. A também coordenadora do CESeC, Julita Lemgruber, foi a presidente do júri. O jornalista Bruno Torturra e a professora de Direito Penal, Luciana Boiteux não puderam estar presentes e enviaram seus votos.

O júri avaliou o trabalho investigativo,  a abrangência e originalidade das reportagens na abordagem das drogas e seus impactos sobre a sociedade. As reportagens da Carta Capital foram selecionadas como um conjunto representativo do esforço de uma profissional e seu veículo de investigar com frequência e qualidade as  políticas e o contexto das drogas ilícitas no Brasil. “A guerra às drogas fracassou. E fracassou porque afasta os usuários dos serviços de saúde, o que vai contra o entendimento de que o abuso de drogas é uma questão de saúde pública. A proibição financia um mercado negro, que enriquece o crime organizado, e esse poder paralelo é combatido com repressão e violência. O que parece, então, é que a guerra às drogas é mais um instrumento de exclusão social, que mata e encarcera quase que exclusivamente os moradores das periferias.”, contou Débora Melo. 

O Prêmio Gilberto Velho Mídia e Drogas tem apoio da Open Society Foundations e é uma  parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). O prêmio homenageia o antropólogo Gilberto Velho (1945-2012), pioneiro da Antropologia Social, decano da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos primeiros a propor a discussão sobre a regulação das drogas no Brasil


Assinatura Abraji