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  • 2012
  • 13:09
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Cerimônia do 34° Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog lota o TUCA na noite de 23 de outubro

Publicado em 26 de outubro de 2012, em Oboré - Projetos Especiais em Comunicações e Artes.

Fotos: Roberto Bueno, João Paulo Brito e Bruno Mooca |Texto: Estudantes & Projeto Repórter do Futuro* 

 

Na noite da terça-feira, 23 de outubro, o Teatro da Universidade Católica foi palco da premiação do 34° Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. A cerimônia foi conduzida pelos jornalistas Juca Kfouri, colunista da Folha de S. Paulo, CBN e ESPN Brasil, e Mônica Teixeira, âncora da TV Cultura e coordenadora geral da Univesp TV. 

Ao todo, foram 17 trabalhos jornalísticos premiados em nove categorias: Artes, Fotografia, Jornal, Revista, Rádio, Internet, Reportagem de TV, Documentário de TV e uma categoria especial, envolvendo todas as mídias e que neste ano teve como tema "Criança em Situação de Rua". 

O Prêmio Vladimir Herzog foi instituído em 1978 em memória do jornalista Vladimir Herzog, preso pela ditadura militar, torturado e morto dentro do DOICodi, em São Paulo, em outubro de 1975. Seu objetivo é reconhecer o trabalho de jornalistas que colaboram na defesa e promoção da Democracia, da Cidadania e dos Direitos Humanos e Sociais. 

Diante de uma plateia lotada, formada por estudantes e jornalistas de vários lugares do Brasil, a palavra de abertura foi de José Roberto de Toledo, colunista do jornal O Estado de S.Paulo, comentarista da RedeTV! e vice-presidente da ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, representando a comissão organizadora do evento. No discurso, Toledo ressaltou não só o recorde de trabalhos inscritos no prêmio, mas “as muitas violações de direitos humanos que nos compelem a gritar”, referindo-se às ameaças pelas quais vem passando André Caramante, repórter da Folha de S.Paulo, que precisou sair do país com sua família.

 

“Infelizmente, há muitas violações de direitos humanos que nos compelem a gritar” disse José Roberto de Toledo referindo-se a casos de jornalistas ameaçados. (Foto: João Paulo Brito)

 

Maria do Rosário Nunes, ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Mário Sérgio de Moraes, pesquisador do grupo Laboratório de Estudos sobre a Intolerância da Universidade de São Paulo (USP) e Rosa Cardoso, advogada integrante da Comissão Nacional da Verdade também discursaram e evidenciaram a lembrança do assassinato de Vladimir Herzog como símbolo da busca dos direitos humanos e da verdade histórica do país.

 

Prêmio Especial Vladimir Herzog 2012

Também foram homenageados dois grandes nomes da imprensa brasileira: Alberto Dines e Lúcio Flavio Pinto, exaustivamente aplaudidos pelo público presente ao TUCA. Quem fez a apresentação de ambos foi Audálio Dantas, outro ícone do jornalismo e que também foi ovacionado pelos presentes. 

Professor e escritor, o nome de Alberto Dines é um ícone da profissão por conta de sua integridade e compromisso com a verdade. Com atividade contínua ao longo de 60 anos nos principais jornais do país, criou, em 1996, o site Observatório da Imprensa - primeiro noticiário de análise e crítica da mídia no Brasil, com espaço aberto a discussões com jornalistas e universitários. É conhecido como o inventor da reunião de pauta nas redações. “Querem nos desativar, e esse reconhecimento é a nossa chance de avisar que estamos vivos”, disse em seu discurso de agradecimento.

Lúcio Flávio Pinto é hoje um dos jornalistas mais perseguidos por conta de sua trajetória corajosa e das denúncias que faz à frente do seu Jornal Pessoal (PA). Respondendo a inúmeros processos judiciais diante da censura que lhe é imposta pela justiça do Pará, segue lutando, de forma exemplar, para manter uma publicação independente que contraria interesses hegemônicos. . “A verdade se tornou pecaminosa. O que fazer quando a própria justiça é o instrumento de repressão? Essa justiça não tem identidade nenhuma com a nação. E o jornalismo merece viver. Nós merecemos viver”, concluiu em seu agradecimento público.

 

 

O Prêmio Especial Vladimir Herzog, concedido anualmente a jornalistas que prestaram relevantes serviços à causa da Democracia, da Paz, da Justiça e contra a Guerra, premiou neste ano dois grandes nomes da imprensa brasileira: Alberto Dines e Lúcio Flávio Pinto. Ambos receberam os trofeus das mãos de Maria do Rosário, ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos. (Foto: Bruno Mooca)

 

Os premiados do ano 

O 34º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos contemplou reportagens de todo o país em nove categorias. As matérias foram produzidas por veículos impressos, rádio, televisão e internet.

A vencedora da categoria Especial “Criança em Situação de Rua”, Letícia Duarte, afirmou que a sua matéria “Filho da Rua”, produzida para o jornal Zero Hora (RS), tem o papel de lembrar que violações aos direitos humanos não devem ser consideradas algo corriqueiro em nossa sociedade. “Não é normal existirem crianças na rua e que são confundidas com sacos de lixo”, disse.

Na categoria Revista, a equipe de jornalistas da revista Caros Amigos ganhou o prêmio com o especial “Comissão da Verdade”, que levantou questões históricas como crimes cometidos por militares na ditadura e a colaboração internacional na operação Condor. “Esse prêmio comprova que há espaço para um jornalismo de fôlego”, afirmou a editora de especiais da revista, Debora Prado. 

Jornalistas que discorreram sobre temas referentes à Amazônia também foram ganhadores do 34º Prêmio. Maíra Heinen venceu a categoria Rádio com a matéria “Crimes contra indígenas na ditadura”, produzida para a Rádio Nacional da Amazônia. Para ela, é imprescindível que os jornalistas abordem a questão indígena, pouco falada na grande mídia, pois muitos índios estão morrendo, mesmo sem ditadura.

Histórias de personagens do futebol brasileiro, como Sócrates, foram contadas em “Quando a ditadura entrou em campo”, do jornal mineiro O Tempo, escrita por Murilo Rocha, Larissa Arantes e Thiago Nogueira. Já na categoria Fotografia, Francisco França, do Jornal da Paraíba, optou, com êxito, pelo tema amor. “Amor não é violência, amor não é morte, amor é vida”, disse o fotógrafo de “O amor é o dom maior! Ame”.

O fim da premiação destinou-se à categoria Reportagem de TV. A jornalista da Globo News, Miriam Leitão, emocionou-se ao falar sobre a reportagem “O caso Rubens Paiva: uma história inacabada”. “A memória da gente não descansa até saber tudo o que precisa ser dito”, disse ela, ao lado de Marcelo Rubens Paiva, Eliana e Vera, filhos do político brasileiro desaparecido durante o regime militar.

Também foram premiadas as matérias “Crimes da Ditadura” (TV Brasil/EBC), na categoria Documentário de TV; “Depois que comecei a estudar, não vejo mais grades” (Camila Rodrigues e Fernando Donasci, UOL), na categoria Internet; “Defesa falha com as vítimas” (Fernando de Castro Lopes, Jornal O Correio Braziliense), na categoria Artes.

 

Prêmio Jovem Jornalista

A cerimônia no TUCA também premiou as três equipes de estudantes vencedoras do 4º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, que recebeu 148 propostas de pauta oriundas de 76 instituições de ensino, de 17 estados do Brasil mais Distrito Federal.  Foi um aumento de 270% no número de inscrições - quase o triplo em relação ao ano passado. 

A Comissão Julgadora atuou em duas etapas, selecionando dez finalistas e indicando as propostas vencedoras a partir dos critérios dispostos no Regulamento da sua edição 2012, a saber:  I. relevância da proposta no contexto do tema “As Comissões da Verdade no Brasil”; II. criatividade na apresentação e desenvolvimento da proposta de pauta; III. exequibilidade do projeto.

 

Estudantes e professores premiados recebem seus certificados das mãos de Nemércio Nogueira, do Instituto Vladimir Herzog, entidade organizadora do Prêmio, Elissa Fichtler, da Fundação Arymax (patrocinadora) e Viridiana Bertolini, da Rede Globo, apoiadora.


Criado em 2009, o Prêmio Jovem Jornalista tem o objetivo de oferecer aos estudantes de jornalismo a oportunidade de desenvolver um trabalho jornalístico prático e reflexivo desde o projeto até a realização final de uma reportagem. Tanto o processo quanto o produto são orientados por um professor da instituição de ensino do estudante e por um jornalista mentor designado pelo Instituto Vladimir Herzog, criador e organizador do Prêmio. Trata-se de uma homenagem ao jornalista Fernando Pacheco Jordão, que sempre se preocupou com o desenvolvimento dos jovens profissionais de imprensa, e a Vladimir Herzog, cuja vida foi dedicada a promover um jornalismo de qualidade, verdadeiro e, acima de tudo, responsável.

 

As propostas de pautas vencedoras  

Pauta: O assassinato do Padre Henrique: quatro décadas de impunidade e a retomada das investigações pela Comissão da Memória e Verdade de Pernambuco.

Grupo: Debora Britto e Camila Figueiredo

Professora Orientadora: Adriana Maria Santana

Faculdade: Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

 

Pauta: O massacre da tribo gavião Parkatêjê durante a ditadura militar

Grupo: Laís Cerqueira Souza e Joana Guimarães

Professor Orientador: Mauro Cesar Silveira

Faculdade: Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

 

Pauta: Olhar indigesto: memórias da filha de um agente da repressão

Grupo: Gabriel Monteiro, Jessica Mota e Daniele Catarine de Ramos    

Professora Orientadora: Denise Paiero

Faculdade: Universidade Presbiteriana Mackenzie

 

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* Vinte e um estudantes integraram o coletivo do Projeto Repórter do Futuro para a cobertura do 34° Prêmio Vladimir Herzog: Giulia Afiune, Melina Sternberg, Victor Bonini, Cristiane Paião, Carlos Aros, Deborah Rezaghi, Ricardo Rosseto, Paola Perroti, Priscila Kesselring, Leandro Saioneti, Danillo Oliveira e Marcella Lourenzetto (Faculdade Cásper Líbero); Caio Colagrande, Paula Marolo, André Palma e Rodrigo de Brum (Faculdades Integradas Rio Branco); Raquel Brandão (Universidade São Judas Tadeu); Camila Moura (FIAM-FAAM); Tamiris Gomes (Universidade Cruzeiro do Sul) e Thales Willian (Universidade Braz Cubas), além de João Paulo Brito, jornalista da OBORÉ . 

 

Assinatura Abraji