• 12.06
  • 2012
  • 14:37
  • Karin Salomao

Candido Figueredo traz sua experiência na cobertura do narcotráfico para o Congresso Abraji

 

Na fronteira entre o Brasil, a Bolívia e o Paraguai, jornalistas continuam fazendo reportagens investigativas apesar de ameaças de morte de facções criminosas, pistoleiros e forças policiais e judiciais corruptas. Exemplo disso é Candido Figueredo, do ABC Color, que estará no 7° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. Junto com o repórter da TV Globo Jonas Campos, do Mato Grosso, Figueredo dividirá sua experiência nas “Investigações nas fronteiras do Centro-Oeste”.

O profissional paraguaio afirma que, no trabalho jornalístico, as ameaças de morte chegam por vários meios, por exemplo mensagens de celular e ligações telefônicas entre os bandidos  gravadas pela polícia, em que planejam ataques contra jornalistas. Figueredo recebe ainda ataques de mídias pertencentes a pessoas ligadas ao poder político e ao tráfico, para minar a credibilidade do jornalismo investigativo que ele Figueredo exerce. 

Essas situações de ameaça “pessoalmente não me impedem, sigo publicando a notícia e também publico todas as acusações que essas pessoas fazem contra mim, sem ocultar absolutamente nada”, diz ele.

Figueredo era colega de trabalho e amigo do jornalista brasileiro Paulo Rocaro, morto em fevereiro deste ano na cidade de Ponta Porã (MS), fronteira com o Paraguai.  

O paraguaio trabalha no outro lado da fronteira, na cidade de Pedro Juan Caballero. Autoridades paraguaias interceptaram uma ligação telefônica entre criminosos brasileiros planejando a morte de Figueredo. A Polícia Civil de Ponta Porã investiga a relação entre os essas ameaças e o assassinato de Rocaro.

“Depois do assassinato de Paulo Rocaro, tive um cuidado especial, uma vez que as autoridades policiais em um primeiro momento disseram que as mesmas pessoas que o assassinaram também estariam atrás de mim.”, conta Figueredo. Apesar de seguir com seu trabalho, sua vida sofreu algumas mudanças. Uma escolta armada de policiais o acompanha todos os dias, e  ele trabalha agora com muito mais atenção.

A falta de colaboração entre as forças policiais de Brasil e Paraguai permite o aumento da impunidade dos criminosos, por atrasar as investigações. “Os pistoleiros que matam no lado paraguaio buscam refúgio em território brasileiro. O mesmo fazem os pistoleiros que assassinam do lado brasileiro e que buscam refúgio no Paraguai”, diz Figueredo. Por isso os traficantes e assassinos têm a seu favor várias horas e até dias para escapar, devido a burocracias nos dois países.

O trabalho jornalístico em uma zona de tensão, como Pedro Juan Caballero, cidade de Figueredo, e Ponta Porã, cidade onde morava Paulo Rocaro, é “muito difícil e delicado”, diz o jornalista paraguaio, já que apenas uma avenida separa as duas cidades.  “Trabalhar nessa zona requer muitos cuidados, o perigo pode vir tanto do Paraguai quanto do Brasil”. 

Outro obstáculo é a corrupção das próprias autoridades policiais. Com uma enorme capacidade econômica, os traficantes compram muitos policiais de ambos os países, assim como os integrantes do poder judiciário. No exercício do jornalismo, Figueredo diz que não precisa tomar cuidado apenas com os traficantes e seus ataques, mas também com a polícia e do poder judiciário de ambas cidades.

 

7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Quando: 12, 13 e 14 de julho de 2012

Onde: São Paulo - Universidade Anhembi Morumbi - campus Vila Olímpia - unidade 7 (Rua Casa do Ator, 275)

Inscrições: http://bit.ly/7Congresso


 

Assinatura Abraji