• 09.08
  • 2012
  • 10:44
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Brasil está entre os países mais perigosos para jornalistas, de acordo com levantamento do INSI

Pelo menos 70 jornalistas e outros profissionais de mídia foram mortos durante cobertura jornalística no primeiro semestre desse ano, um dos períodos mais sangrentos dos últimos anos, de acordo com o INSI (International News Safety Institute). 

Foram quinze mortes confirmadas na Síria, entre janeiro e junho, de acordo com a pesquisa Killing the Messenger (Matando o Mensageiro), levantamento realizado para INSI pela Cardiff School of Journalism.

Nesses sete meses, os piores países para jornalistas, segundo a pesquisa, foram Nigéria, onde sete repórteres não identificados foram mortos por uma bomba, Brasil, Somália, Indonésia, onde cinco jornalistas morreram em um acidente de avião, e México.

Em 2011, foram 124 mortos, 56 nos seis primeiros meses. Neste ano, foram 70 até junho. Esse número pode crescer, se forem consideradas mais 30 mortes contabilizadas pelo INSI cuja relação ao exercício da profissão ainda não está clara. O instituto convida a todos que tiverem mais informações sobre esses casos a entrar em contato. 

“Jornalistas estão mais do que nunca na mira dos inimigos da liberdade de expressão”, diz Rodney Pinder, diretor do INSI. “Apesar de iniciativas encorajadoras de atores políticos internacionais para refrear os assassinatos, as armas e as bombas continuam como método preferido de censura em muitos países”. “Toda e qualquer morte sufoca o fluxo livre de informações, sem o qual nenhuma sociedade livre pode funcionar”, continua ele.

A pesquisa ressaltou que, apesar dos confrontos na Síria, a maior parte das mortes de jornalistas ao redor do mundo foi em períodos de paz. 43 jornalistas morreram em países que estão oficialmente em paz, em sua maioria vítimas de criminosos, muitas vezes auxiliados por forças policiais, políticos e empresários corruptos.

Segundo o INSI, 93% dos jornalistas nasceram e viveram nos países onde foram mortos. “Os crimes são normalmente contra repórteres cobrindo assuntos locais, como crime, política e corrupção”, diz Pinder. Muitas vezes, ressalta ele, as forças de segurança estão relacionadas aos criminosos, tornando o risco aos jornalistas ainda maior. 

A maioria foi vítima de tiros ou bombas, porém outros sofreram fins mais terríveis – espancados, torturados, estrangulados ou decapitados. A terceira maior causa de morte foram acidentes de carro, cada ano uma perda considerável. 

Surpreendentemente, a maior parte dos assassinos continua impune. Na primeira metade deste ano, em apenas um de cada 47 assassinatos houve a identificação do agressor. A taxa de impunidade dos assassinos de jornalistas se manteve constante em aproximadamente 90%, mundialmente, pelos últimos dez anos.

A impunidade torna-se um desafio para a liberdade de imprensa. Sobre o Brasil, Pinder mencionou a cobrança da Abraji pela apuração do jornalista Décio de Sá, em abril. Esses crimes não apenas silenciam o repórter, mas mandam uma mensagem de que não se deve cobrir essas áreas.

Por isso, em diferentes países, os jornalistas deixam de reportar essas questões e vão para áreas menos perigosas. “Esses cantos obscuros da sociedade não estão sendo expostos como deveriam”.

Como uma organização pela segurança dos jornalistas, o INSI contabiliza todas as mortes de jornalistas e outros profissionais e mídia, sejam acidentais ou deliberadas. 

 

INSI e Abraji 

No ano passado, as duas organizações se uniram para criar o INSI América Latina. O objetivo é criar uma organização sem fins lucrativos para promover a segurança dos jornalistas na região. Marcelo Moreira, presidente da Abraji e conselheiro do INSI global, será o diretor do INSI América Latina e irá estruturar sua operação que, em um primeiro momento, irá atuar como uma fonte para profissionais que precisem de conselhos e orientação sobre segurança.

Rodney Pinder também esteve no 7° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. Sua palestra, “Medidas de proteção para jornalistas em coberturas de conflito armado”, abordou os riscos a que estão expostos os jornalistas que trabalham em zonas de guerra e como se preparar melhor para essas coberturas. 

 

Com informações do INSI.

Assinatura Abraji