• 05.06
  • 2009
  • 12:12
  • Ivana Moreira - Abraji/ O Estado de S. Paulo

Brasil é o 13° país onde mais se assassinou jornalistas, diz relatório do Committee to Protect Journalists (CPJ)


O Brasil está entre os 14 países onde mais se assassinou jornalistas, na última década, em represália ao exercício da profissão, segundo a organização americana CPJ (Committee to Protect Journalists). O país passou, neste ano, a integrar também o ranking de impunidade em casos de assassinatos de jornalistas, uma lista que é liderada pelo Iraque. “Jornalistas cobrindo crimes, corrupção e políticas locais têm sofrido grandes consequências”, diz o relatório da CPJ.

No ranking de impunidade da organização, o Brasil ocupa a 13ª posição, com indíce superior ao da Índia, que aparece em 14º no ranking. Para chegar ao indíce de impunidade de cada país, a CNJ considera o número de casos de homicídios de jornalistas que não foram punidos por cada grupo 1 milhão de habitantes. A entidade só considera os caos em que, comprovadamente, os assassinatos de jornalistas foram motivados por questões relacionadas ao exercício profissional, como investigação e publicação de denúncias.

A maior parte dos países que compõe o ranking da CJP são nações envolvidas em longas guerras civis. Iraque, Serra Leoa e Somália são os três líderes no ranking de assassinatos não solucionados de jornalistas, seguidos por Siri Lanka, Colômbia e Filipinas. O Afeganistão é o sétimo país na lista da organização americana. Nepal, Rússia e Paquistão aparecem na sequência. O México é o décimo primeiro, seguido por Bangladesh e pelo Brasil.

“Os países em guerra civil lideram a lista mas é preocupante que países democráticos como o Brasil também estejam nesta lista”, declarou o diretor executivo da CPJ, Joel Simon. Entre 1992 e 2008, a CPJ registrou 523 assassinatos de jornalistas. A grande maioria dos casos, 88,8%, estão completamente impunes. Em 6,4% deles, houve punição parcial. Em apenas 4,9%, os autores dos crimes foram punidos pela Justiça.

Segundo uma pesquisa realizada por outra organização internacional, a Freedom House, o Brasil é um dos 61 países do mundo onde a imprensa só é "parcialmente livre". Nestes países, vive 41% da população mundial. A maior parte desses países estão na América Latina. Junto com Brasil estão países como Colômbia, Argentina e Bolívia. Na região, apenas oito países têm, de acordo com a Freedom House, imprensa livre. Na América do Sul, são apenas dois: Uruguai e Chile.

De acordo com a entidade americana, 42% da população mundial vive em 64 países onde não há imprensa livre. Setenta países têm imprensa livre, no entanto, a população destes países corresponde a menor parte da população mundial, apenas 17%.

Os assassinatos de jornalistas que trabalham na investigação e denúncia de problemas sociais como corrupção e tráfico, entre outros, são uma das preocupações da entidades reunidas no Fórum Global sobre Liberdade de Expressão, em Oslo, na Noruega. Mais de cem entidades participam dos debates que tiveram início na segunda-feira e serão encerrados nesta sexta, 5 de junho.

Cerca de 500 jornalistas, escritores, advogados e ativistas envolvidos com a questão da liberdade de expressão participaram do evento. "O direito de expressão é fundamental para o exercício de outros direitos fundamentais, como acesso aos serviços públicos", declarou o ministro de assuntos internacioanais da Noruega, Jonas Gahr. Ele conclamou os jornalistas de todo o mundo a cotinuarem fiscalizando, com seus computadores, câmeras ou microfones, o respeito aos direitos humanos. "Sei que isso significa, para vários, pagar um alto preço, mas é fundamental."

O fórum em Oslo conta com a presença de ícones da luta pela liberdade de expressão como a afeganistã Malalai Joya, que de seu país enviou ao mundo imagens dos crimes de guerra cometidos contra a população local, e a queniana Wangari Maathai, vencedora do prêmio Nobel da Paz de 2004. "Temos de falar porque ninguém falará por nós", afirmou Wangari, uma defensora dos direitos das mulheres e da conservação do meio ambiente na África. "A paz (na África) no futuro depende de como formos capazes de fazer uma distribuição justa dos recursos contra a população."

A jornalista viajou a convite do IFEX (International Freedom Expression Exchange)

Assinatura Abraji