• 01.08
  • 2005
  • 13:03
  • Marcelo Soares

Banco de dados revela média de pagamento a "mulas"

Brasileiros e estrangeiros indiciados pela Polícia Federal por transportar drogas no país recebem, em média, R$ 2.683 pelo serviço. Os cálculos foram feitos com base no banco de dados sobre o crime organizado criado e mantido pela Abraji desde agosto de 2003. Atualmente, o banco de dados conta com mais de 2 mil registros.

Desde o início do banco de dados, 36 estrangeiros flagrados com drogas confessaram o quanto receberiam de pagamento pelo transporte. As diferenças entre as quantidades cobradas são grandes. Uma búlgara presa no Aeroporto Internacional de Guarulhos, por exemplo, afirmou que receberia R$ 14.400 para levar cocaína do Brasil para Amsterdã, na Holanda. Outro indiciado no Paraná conta que cobrou apenas R$ 200 para transportar a droga, o valor mais baixo até agora.

Os recursos gastos com as "mulas" não são proporcionais à quantidade de drogas que transportam, mas sim à rota traçada pelos traficantes. Dos 11 indiciados que receberiam dinheiro acima da média (mais de R$ 3.000), seis traziam ou levavam maconha, haxixe ou cocaína para o exterior. "Mulas" que seguem para a Europa ganham quase o dobro do que as que transportam drogas dentro da América Latina.

A mais numerosa atividade dos nomes incluídos no BD continua sendo o tráfico de drogas. Esta versão inclui uma quadrilha internacional de traficantes com 17 integrantes e um grupo que traficava nos morros do Rio.

O banco de dados também inclui informações sobre os empresários presos e envolvidos nas duas recentes operações da PF contra a sonegação fiscal: Cevada (Schincariol) e Narciso (Daslu). Em Roraima, 40 indiciados foram incluídos depois de operação da PF para combater a sonegação no Estado.

Também foram incluídas pessoas envolvidas em outros escândalos recentes, como José Adalberto Vieira da Silva, o assessor parlamentar petista que transportava dólares na cueca, e o deputado João Batista, bispo da Igreja Universal que tentou voar carregando R$ 10 milhões em dinheiro dentro de malas.

Sobre o banco de dados
Disponível apenas para sócios da Abraji na seção Biblioteca, o banco de dados é atualizado pela monitora Carolina Hungria e oferecido em arquivos para os programas Access e Excel. Ele inclui dados sobre indivíduos presos ou acusados de envolvimento com o crime organizado, com informações distribuídas pela Polícia Federal e, em alguns casos, meios de comunicação brasileiros. O arquivo tem hoje 2026 nomes, 362 a mais do que a última atualização no site da entidade.

Como a fonte das inclusões na base de dados é a PF ou o noticiário dos jornais, é importante lembrar que decisões judiciais posteriores podem alterar o status dos incluídos. A maioria ainda não recebeu condenação definitiva. Verifique antes de usar.

Vale lembrar que os registros do BD da Abraji não têm representatividade estatística (ao menos por enquanto) para se fazer inferências sobre o crime organizado e o tráfico no país.

Nosso objetivo é que os jornalistas que passem a usar o BD ajudem a Abraji a melhorá-lo, complementando as informações e incluindo novos registros. Caso você tenha utilizado o banco de dados para fazer alguma reportagem, envie-a para nós e o caso será divulgado em nosso website.

Dúvidas e sugestões podem ser encaminhadas para Carol Hungria ([email protected]), para o diretor de CAR da Abraji, José Roberto de Toledo ([email protected]), ou para o gerente executivo da associação, Marcelo Soares ([email protected]).

PARA DOWNLOAD: Excel e Access
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