• 30.01
  • 2008
  • 14:33
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Banco de dados da Abraji permite conhecer as rotas do tráfico de drogas no Brasil

O banco de dados sobre o crime organizado da ABRAJI reúne centenas de registros de apreensões de drogas, principalmente de maconha e cocaína, que aparecem como as drogas mais apreendidas, tanto em número de ocorrências como em quantidade de quilos apreendidos. Se tomarmos os registros em que o total de cada apreensão é igual ou superior a 100 kg de drogas, entre os anos de 2004 e 2007, levando em consideração apenas as apreensões onde há registro de tráfico interestadual ou internacional, teremos um quadro significativo que aponta as principais rotas de tráfico no Brasil, além do papel desempenhado por alguns dos estados onde o tráfico é mais intenso.

São no total 67.775 kg de drogas em 68 apreensões, divididos em 60.415 kg de maconha e 7.107 kg de cocaína ou pasta base de cocaína. Dentre essas grandes apreensões registradas no banco de dados, o Paraguai aparece como o maior fornecedor de maconha para o Brasil. Do total de maconha apreendida na amostra, aproximadamente 29,5 toneladas tem origem no Paraguai, ou seja, quase a metade.

São Paulo aparece como o destino preferencial do tráfico de maconha no país, ao lado do Mato Grosso do Sul e do Paraná. Na amostra, o total de maconha apreendida com destino ao estado paulista é superior a 19 toneladas. Deste total, pouco mais de 11 toneladas tinham origem no Paraguai.

As apreensões em que o Mato Grosso do Sul aparece como destino da droga somam aproximadamente 10 toneladas, vindas apenas do Paraguai. Ao contrário de São Paulo, que não aparece em nenhuma das apreensões como origem da droga, Mato Grosso do Sul é o ponto de partida de pouco mais de 21 toneladas de maconha. Esses dados dão indícios de que Mato Grosso do Sul seria o principal intermediário da maconha vinda do Paraguai para o Brasil.

Em situação semelhante ao Mato Grosso do Sul, encontra-se o estado do Paraná. O total de maconha apreendida com origem no Paraguai e com destino ao Paraná foi de 1.607 kg, ficando em terceiro lugar na comparação dos estados brasileiros que mais receberiam maconha do Paraguai. O Paraná também seria destino de grande quantidade da droga com origem em outros estados brasileiros. Em apenas uma ocorrência, foram apreendidas 11 toneladas de maconha com origem em Mato Grosso do Sul e com destino ao Paraná. Em outra ocorrência, o Paraná receberia 921 kg de maconha de Pernambuco.

As apreensões que tinham como origem o Paraná somam 2.609 kg, número inferior ao de Pernambuco, com 2.805 kg. Pernambuco, por outro lado, não foi destino em nenhuma das grandes apreensões da amostra. Esses dados sugerem que o Paraná pode ser o segundo maior intermediário de maconha vinda do Paraguai. Pernambuco, por sua vez, seria um dos maiores estados brasileiros produtores de maconha, tese reforçada pela quantidade significativa de flagrantes em plantações de maconha no estado que constam no banco de dados. O número de registros de apreensões de cocaína acima de 100 kg não é suficiente para identificar padrões do tráfico entre estados brasileiros. Entretanto, podemos destacar a Colômbia e a Bolívia como os maiores exportadores da droga para o Brasil. Da Colômbia vieram 2.462 kg de cocaína, quase a metade da droga apreendida na amostra. Da Bolívia são 210 kg de cocaína e 821 kg de pasta base de cocaína. Há também 454 kg de cocaína que tinham origem no Paraguai. O Brasil, por sua vez, serviria como intermediário do tráfico destas substâncias para Europa e EUA, já que 3.751 kg de cocaína e de pasta base apreendidos na amostra tinham estes lugares como destino.
Assinatura Abraji