Ataques de Bolsonaro contra imprensa aumentam 74% no primeiro semestre
  • 28.07
  • 2021
  • 09:50
  • Abraji

Liberdade de expressão

Ataques de Bolsonaro contra imprensa aumentam 74% no primeiro semestre

A organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF) registrou 331 ataques contra a imprensa no primeiro semestre de 2021 perpetrados pelo que chama “sistema Bolsonaro”, grupo formado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seus filhos e membros do atual governo. 

De acordo com a RSF, o chefe do Executivo do Brasil recrudesceu o clima hostil contra a imprensa com ao menos 87 ofensivas - aumento de 74% em relação aos 50 ataques identificados nos primeiros seis meses de 2020. 

“Se os números são graves, a natureza dos ataques é ainda mais preocupante. Enquanto a crise sanitária continua a devastar o país (mais de 550 mil vítimas em 26 de julho), os ataques do presidente e seus apoiadores contra jornalistas se intensificaram e se diversificaram, atingindo às vezes um nível inimaginável de vulgaridade e violência”, avaliou a entidade no relatório.

Divulgados na publicação “Imprensa brasileira, verdadeiro saco de pancadas da família Bolsonaro: uma tendência que se intensifica em 2021”, os 331 registros de 2021 representam alta de 5,4% face aos 314, no mesmo período do ano passado.

A organização classifica Bolsonaro como “predador” da liberdade de imprensa desde julho deste ano. O título é o mesmo aplicado a ditadores e líderes autoritários como Miguel Díaz-Canel (Cuba), Mohamed ben Salmane (Arábia Saudita), Viktor Orbán (Hungria), entre outros.

No entorno do presidente, também atacam de forma recorrente profissionais e veículos jornalísticos os filhos de Bolsonaro: Eduardo (PSL-SP) (85), Carlos (Republicanos-RJ) (83) e Flávio (Patriotas-RJ) (38). Outro político que hostiliza a imprensa é o ministro Onyx Lorenzoni (DEM-RS) (18). Juntos,  eles completam o ranking dos cinco agressores mais frequentes contra o jornalismo no Brasil, levantado pela RSF no primeiro semestre de 2021.

O Grupo Globo foi o principal alvo (76 vezes). O Grupo Folha sofreu 44 ataques, o Grupo Estado, 11, seguidos pelo Portal UOL (8), Grupo Abril (4), CNN Brasil (3) e O Antagonista (3).

As retaliações do governo miram sobretudo profissionais de imprensa do gênero feminino, atingidas em 51,3% dos casos levantados pela RSF. Mulheres de grande destaque por sua atuação jornalística foram visadas pelo “sistema Bolsonaro”. Daniela Lima, âncora da CNN, foi alvo quatro vezes, e Maju Coutinho, da TV Globo, três.

“O Brasil já ocupa a 111ª colocação no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2021 elaborado pela Repórteres Sem Fronteiras, tendo entrado para a zona vermelha do Índice pela primeira vez”, lembra o relatório elaborado sob supervisão do coordenador de Relações Institucionais da RSF, Artur Romeu.

Reprodução: Repórteres sem Fronteiras

Foto de capa: Anderson Riedel/ Fotos Públicas

Assinatura Abraji