Após período bloqueado por Whatsapp, Extra investe em novas plataformas para apurar e receber informações de leitores

Depois de ter o número bloqueado pelo Whatsapp por 16 dias sem aviso prévio em 6 de junho, o jornal carioca Extra diversificou os aplicativos utilizados para manter contato direto entre a redação e os leitores. Pioneiro no uso de plataformas de mensagens instantâneas para se relacionar com o público, o Extra passou a usar também o Telegram.

“Estamos divulgando os benefícios dele, embora continuemos utilizando o Whatsapp”, afirma o editor da área digital do jornal, Fábio Gusmão. Cerca de 70 mil cariocas e fluminenses estão cadastrados na base de contatos do Extra.

Gusmão contou que, depois do bloqueio, o jornal foi informado pelo Whatsapp de que tinha violado os termos de uso do aplicativo. Para o Extra, o grande volume de mensagens trocadas entre a redação e os leitores pode ter causado essa interpretação.

O editor considera que os aplicativos de mensagens dão ao leitor uma sensação de pertencimento. “Ele acaba se sentindo parte da sociedade”, diz Gusmão. “As pessoas deixam de ser testemunhas oculares e passam a ser ´testemunhas celulares´”, afirma.

A redação do jornal usa o Whatsapp desde 2013. Gusmão teve a ideia de adotá-lo quando percebeu que as pessoas que iam às manifestações que varreram o país naquele ano usavam o aplicativo para se comunicar e trocar informações. 

Já naquele ano, os números do jornal foram bloqueados pela primeira vez. Mas foram liberados depois de uma conversa com o CEO da empresa, que ainda não havia sido comprada pelo Facebook. Desde 2013, o Extra mantém contas em outras redes sociais, como o Telegram.

A partir da experiência do Extra, outros veículos e meios de comunicação de todo o país passaram a usar o Whatsapp como ferramenta de contato direto entre a redação e os leitores. “O modelo anterior desse contato era complicado. O leitor tinha que entrar no site do jornal na internet, preencher um cadastro, receber o email de confirmação de inscrição e só então enviar as informações. Ainda assim, ele poderia enfrentar problemas com tamanho dos arquivos que poderiam ser enviados para o veículo”, conta Gusmão.

Durante o Congresso da Abraji, Fábio Gusmão se juntará a Luis Fernando Bovo, do Estadão, e Bernardo Brandão, da DGBB Assessoria de Imprensa, para discutir o impacto dessas novas formas de contato com o público e de distribuição de conteúdo . O painel “Novas tecnologias de apuração e difusão” acontece no dia 23 de junho, das 9h às 10h30.