Após críticas, PM do DF exclui jornalista de grupo de WhatsApp
  • 09.09
  • 2021
  • 19:09
  • Abraji

Liberdade de expressão

Após críticas, PM do DF exclui jornalista de grupo de WhatsApp

A Polícia Militar do Distrito Federal expulsou de grupo de WhatsApp que mantém com a imprensa o criador do veículo local brasiliense Diário de Ceilândia, Douglas Protázio, na quarta-feira (8.set.2021). A instituição foi criticada por Protázio devido a sua atuação durante as manifestações bolsonaristas de 7.set.2021. “A PMDF perdeu totalmente o controle da situação” foi uma das críticas.

As avaliações do jornalista sobre o trabalho dos policiais na Esplanada dos Ministérios antes e depois do Dia da Independência do Brasil ficaram restritas às suas redes pessoais. Protázio afirma, no entanto, que a PMDF prejudicou a cobertura jornalística do Diário de Ceilândia, fundado por ele em 2014. “O número que ele removeu não é o meu pessoal, e sim o do jornal”, declarou.

O profissional de imprensa acompanha in loco as ações dos apoiadores do presidente desde segunda-feira (6.set.2021). Nas proximidades da Praça dos Três Poderes, mostrou que a PMDF não estava revistando manifestantes e também registrou a perseguição a outros jornalistas. “A Polícia Militar do DF foi conivente ou não deu conta do recado?”, questionou em um dos tweets.

Após publicar as críticas, ele foi removido “sem aviso prévio ou qualquer outra formalidade” de um grupo que a Polícia Militar mantém com jornalistas do Distrito Federal.

“Quando fui excluído, enviei uma mensagem ao administrador do grupo [major Michello Bueno], que me excluiu. Depois da minha reclamação, ele me colocou em um grupo sem relevância [onde, segundo Protázio, estavam jornalistas de outros Estados e blogueiros], e eu saí de pronto”, contou.

Protázio afirma separar bem a sua conta do perfil do jornal. “Não faço esse tipo de postagem no diário”, reforçou.

De acordo com o criador do Diário de Ceilândia, os agentes da PMDF que geriam o grupo sempre fizeram pressão para que os jornalistas dessem prioridade a "pautas positivas". “Fui abordado por um oficial que pediu, com muito jeito, que eu não demandasse ocorrência de homicídios em Ceilândia, porque eu 'pautava negativamente' os outros jornais”, recordou. Ele relata que suas solicitações não eram atendidas com frequência.

Questionada pela Abraji sobre a expulsão de jornalistas que cobriram as manifestações do Dia de Independência do Brasil, a Polícia Militar do Distrito Federal declarou que “o jornalista Douglas Protázio foi realocado em um outro grupo de Whatsapp voltado para mídias sociais (Instagram, Blogs, Twitter)”.

“O grupo do qual ele alega ter sido "expulso" é destinado a mídias abertas [televisão, rádio e impresso]. Cabe ressaltar que os dois grupos recebem as mesmas informações”, acrescentou a instituição.

Segundo a PMDF, outras pessoas também foram "transferidas" de um para outro grupo, já que o WhatsApp comporta no máximo 256 pessoas em cada sala. A assessoria ainda enviou print mostrando a inclusão e a “saída voluntária” do jornalista Douglas Protázio do grupo "Imprensa PMDF 2" [destinado às "mídias sociais”].

O oficial responsável pela comunicação entre a PMDF e jornalistas, major Michello Bueno, também pediu que a editora do site Congresso em Foco Vanessa Lippelt se retirasse do grupo de WhatsApp. Segundo Lippelt, Bueno queria colocá-la em um grupo de jornalistas nacionais, porque “precisava de vagas para repórteres que escrevessem pautas positivas”.

Ela disse à Abraji que “bateu o pé” e permaneceu no chat em que estava antes. “Quem faz jornalismo é censurado do grupo?”, ela questionou em seu Twitter.

Foto de capa: Reprodução/Redes sociais

Assinatura Abraji