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ANJ manifesta repúdio a assassinato de repórter fotográfico em Minas Gerais
Publicado em 16 de abril de 2013 no O Globo
Entidades que representam jornais e jornalistas no país reagiram nesta terça-feira ao segundo assassinato de um jornalista em Minas, na cidade de Coronel Fabriciano. No último domingo, o fotojornalista Walgney Assis Carvalho, do jornal “Vale do Aço”, de Ipatinga (MG), foi morto a tiros à queima-roupa em um bar da região, por um homem encapuzado que fugiu de moto. Já no dia 8 de março, o repórter Rodrigo Neto, do mesmo jornal e parceiro de reportagem de Walgney, havia sido executado também a tiros, em Ipatinga. A polícia investiga indícios de relação entre os crimes.
Ontem, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) destacou ter “profunda preocupação” em relação ao caso, que classificou de “atentado à liberdade de expressão”, enquanto a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) afirmou esperar que a polícia solucione rapidamente os homicídios. Segunda-feira, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) já havia condenado a morte de Walgney.
Em nota, a ANJ repudiou o caso e falou em “evidências de que os dois crimes estejam relacionados”. Também ontem, a Repórteres Sem Fronteiras afirmou que Walgney foi o quarto jornalista a ser morto este ano no Brasil por causa do exercício da profissão, e que ele trabalharia às vezes como fotógrafo também para a Polícia Civil. A RSF sublinha que o Brasil “continua a ser o país mais perigoso para jornalistas nas Américas”.
“Em Ipatinga, o ‘Vale do Aço’ não tem mais editoria de Polícia”, sublinhou a Abraji, afirmando que “após a segunda morte, o profissional que substituía Rodrigo Neto decidiu abandonar o posto”. Segundo a Abraji, a Assembleia Legislativa mineira acompanha a investigação, bem como a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos). Amigos organizaram também o Comitê Rodrigo Neto, que, diz a Abraji, “compilou reportagens sobre crimes sem solução e que foram cobertos por Rodrigo. Em muitos deles, há indícios de assassinatos de testemunhas e de participação de policiais militares”.
A Abraji afirmou ainda que um telefonema anônimo para a Assembleia de Minas teria informado que Walgney “sabia quem eram os executores de Rodrigo Neto, e que por isso foi assassinado”. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas, em carta aberta, também repudiou o caso e cobrou providências.
O delegado Wagner Pinto, chefe do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa da Polícia Civil de BH, declarou que ainda não tem suspeitos da morte de Walgney:
— É prematuro falar de participação de policiais, mas nada está descartado.
![Assinatura Abraji Assinatura Abraji](/assets/assinatura-9fcf294495a3616c4d089756bd1d97638e2fbee011b99ec2e9947325e993f518.png)