Aleph passa a incluir informações das eleições de 2022 para auxiliar investigações

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project) terminaram de atualizar as informações das eleições de 2022 no Aleph. Ferramenta criada pelo OCCRP, uma rede global de jornalistas que investigam crimes transnacionais, o Aleph agrupa mais de 500 bases de dados que podem ser cruzadas entre si. Com isso, os jornalistas ganham mais um instrumento para cruzar informações eleitorais com o desempenho de eleitos e não eleitos desde 2014 no cenário político.
 
Com o nome de “ABRAJI”, o diretório do Aleph tem agora essas informações eleitorais:
Brasil - Fornecedores da campanha eleitoral (2018, 2020, 2022)
Brasil - Doadores da campanha eleitoral (2014, 2018, 2020, 2022)
Brasil - Ativos dos candidatos nas eleições (2014, 2016, 2018, 2020, 2022)
Brasil - Candidatos nas eleições (2014, 2016, 2018, 2020, 2022)
 
A riqueza do Aleph é que essas informações das eleições, por exemplo, podem servir para:
- Buscar doadores ou fornecedores de campanha e verificar se esses nomes ou IDs de identificação aparecem em outras fontes de informação do mundo todo;
- Verificar se os bens dos candidatos tiveram variações;
- Procurar se um candidato brasileiro também aparece em outras fontes de informação do Brasil e de outros países
- Comparar com outras fontes de informação para investigar o relacionamento de políticos com empresas, empresários e personalidades públicas e a influência desses doadores de campanha em governos e na elaboração de leis.
 
A plataforma de dados do OCCRP também possui outras informações do Brasil que podem ser buscadas, como beneficiários do Auxílio Emergencial e do Bolsa Família, proprietários de aeronaves,  gastos com cota parlamentar de senadores e deputados e multas ambientais.
 
Você pode aprender mais sobre o uso do Aleph neste vídeo do Youtube.
 
A ferramenta

O Aleph reúne informações do tipo “follow the money” (siga o dinheiro, na tradução para o português) de 139 países, isto é, bases de dados e documentos para rastrear ativos e propriedades corporativas, gastos governamentais e informações sobre indivíduos e grupos de interesse jornalístico.

Por meio da plataforma, é possível encontrar registros de empresas, aquisições, pessoas de interesse público, diários oficiais, arquivos de tribunais, licenças e concessões, grey literature (documentos e pesquisas produzidos por organizações fora dos canais tradicionais de publicação), arquivos de notícias, registro de terras, listas de sanções, registros financeiros, regulatórios, aéreos, marítimos e documentos de bibliotecas.

Dados do Brasil abertos a todos

Visando expandir o uso da plataforma para investigações, o OCCRP passa a permitir o uso do Aleph com os novos dados do Brasil a todos os jornalistas investigativos do país, o que inclui profissionais freelancers e não associados da Abraji, e também a pesquisadores acadêmicos e ativistas.

 As pessoas que tiverem interesse em usar o Aleph precisam fazer um cadastro no sistema (veja abaixo o passo a passo). Para garantir a segurança dos usuários da plataforma, o acesso só é liberado com o uso de software de dupla verificação (2FA), como o Google Authenticator. Veja aqui um guia de como usar o app no celular.

Depois de criar a conta gratuita no Aleph, para ter acesso a uma outra área da plataforma que reúne milhares de dados de todo o mundo sobre investigações de corrupção que não estão abertos ao público geral, a pessoa precisa preencher este formulário. Depois, representantes da Abraji e do OCCRP vão avaliar as informações para checar se são realmente jornalistas investigativos, pesquisadores acadêmicos ou ativistas. As pessoas com perfil aprovado receberão o acesso mais exclusivo, que também é gratuito, em cerca de uma semana. 
  
Conheça mais recursos do Aleph

Num conto de Jorge Luis Borges, o “Aleph” é um ponto no espaço que contém todos os outros. Daí vem o nome da plataforma do OCCRP, que permite que os usuários pesquisem em grandes coleções de documentos e bases de dados. O recurso chamado “ID Search”, que facilita a busca de informações por IDs, integra mais de 100 fontes, incluindo material tão diverso quanto o registro de empresas do Quirguistão, os telegramas do Departamento de Estado dos EUA, os Diários Oficiais de Luxemburgo, Liechtenstein, Suíça e muitos outros países, e o inquérito do parlamento do Reino Unido sobre o assassinato do ex-agente russo Alexander Litvinenko, envenenado por polônio em 2006.