Abraji repudia exposição de dados pessoais de fotógrafa de jornal
  • 04.06
  • 2020
  • 13:30
  • Abraji

Abraji repudia exposição de dados pessoais de fotógrafa de jornal

A repórter Gabriela Biló foi a segunda jornalista do jornal O Estado de S. Paulo a ser vítima de doxxing (vazamento de dados pessoais na internet) em 2020. Um perfil no Twitter de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro compartilhou números de documentos da fotógrafa, como RG e CPF, além de endereço e telefone. Em fevereiro, a colunista Vera Magalhães sofreu ataque semelhante.

No dia 02.jun.2020, a conta Black Dog, seguida por mais de 8 mil pessoas, publicou também dois vídeos editados de forma a distorcer declarações da fotógrafa, suprimindo palavras e omitindo o contexto. A divulgação de dados pessoais dessa forma é um tipo de ameaça velada, nesse caso ainda mais grave por partir de apoiadores da líder de uma pretensa milícia armada de extrema direita.

Um dos vídeos, gravado por Oswaldo Eustáquio, do Agora Paraná, dá a entender que Biló ameaçou atirar contra a ativista Sara Fernanda Giromini, a Sara Winter, intimada a prestar depoimento no inquérito das fake news, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).

A repórter estava em frente ao endereço da ativista em Brasília para acompanhar o trabalho da Polícia Federal. O jornal afirma que, “desde então, Gabriela Biló vem sendo atacada nas redes sociais”.

O Estadão lembra que o trecho editado do vídeo postado na rede social traz Giromini afirmando para a repórter: “Me ameaçou e disse que a ordem é dar um tiro na minha cara. É eu morrer com um tiro na minha cara”. A frase sem edição é: “Você sabia que o Antifas (grupo contra o fascismo) me ameaçou e disse que a ordem é dar um tiro na minha cara, para eu morrer com um tiro na minha cara?”

A versão do vídeo divulgada por militantes bolsonaristas não mostra ofensas impublicáveis feitas à repórter pela ativista. Tampouco inclui o momento em que Eustáquio tenta impedir a equipe do Estadão de deixar o local, ao manter sua mão na porta do carro.   

A Abraji ressalta que o aumento expressivo do número de ataques virtuais contra profissionais da imprensa brasileiros motivou a criação de um convênio com o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Na cartilha preparada pelas duas organizações, são explicadas as formas de assédio e como acionar o convênio, enviando e-mail à Abraji com provas documentais do(s) ataque(s).

A Abraji se solidariza com a fotógrafa Gabriela Biló e faz um apelo às autoridades e às plataformas das redes sociais para que monitorem e punam as milícias virtuais que querem impor o ódio à nação, usando como arma a intimidação aos jornalistas — especialmente às mulheres, quase sempre enquadradas em discursos estigmatizantes e preconceituosos.  


Diretoria da Abraji, 04 de junho de 2020.

Assinatura Abraji