- 11.11
- 2022
- 17:30
- Abraji
Liberdade de expressão
Abraji repudia e denuncia intimidação à imprensa de Manaus
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudia e denuncia a intimidação imposta à imprensa de Manaus, impedida de cobrir a manifestação antidemocrática diante do Comando Militar da Amazônia. Centenas de manifestantes se revezam em acampamento na frente do órgão público, chegando a bloquear por diversas vezes trecho da avenida Coronel Teixeira, uma das principais vias da cidade. Ameaçados, jornalistas têm sido impedidos de fazer a cobertura no local. Na quinta-feira (10.nov.2022), a repórter da TV A Crítica Mayara Rocha foi atacada, ofendida e hostilizada por manifestantes. Ela esteve no local para reportar que o Ministério Público Federal (MPF) havia instaurado um inquérito para apurar quem estaria por trás da manifestação contínua, que tem afetado 230 mil moradores da região de Ponta Negra.
Rocha se posicionou longe dos manifestantes, uma vez que outras equipes de reportagem já tinham sofrido retaliações. Ainda assim, uma das pessoas presentes se armou com uma pedra, mas foi dissuadido por um suposto segurança dos manifestantes. No entanto, ao deixar o local, o carro da equipe de reportagem foi atacado com chutes por um homem. Quando a jornalista desceu o vidro do carro para filmar o agressor, ele passou a proferir ofensas homofóbicas e misóginas contra a jornalista. A cena foi filmada por ele, que distribuiu a um portal o vídeo editado como se a agressão tivesse partido da equipe de reportagem. A jornalista está reportando o caso à polícia e a emissora tomará medidas cabíveis contra o agressor, que já foi identificado.
50 ataques em 12 dias
O caso de Mayara Rocha figura entre as 50 ocorrências de violência contra a imprensa registradas pela Abraji e pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) desde o final da eleição, no dia 30.out.2022. A maioria dos ataques ocorreu nos locais de manifestações antidemocráticas, que negam o resultado das urnas e pedem intervenção militar. A gravidade da situação brasileira tem sido denunciada pela Abraji e pelo conjunto de entidades e organizações de defesa da liberdade de imprensa e de expressão.
A Abraji se solidariza com Mayara Rocha e sua equipe e com todos os jornalistas que estão sendo atacados ou impedidos de exercer sua profissão. A Abraji cobra do Ministério da Defesa, das Forças Armadas e das forças de segurança locais e regionais a garantia de que o trabalho da imprensa possa ser cumprido com segurança e respeito nos locais dessas manifestações, que são de interesse público e alvos de investigação criminal em diversos estados.
Diretoria da Abraji, 11 de novembro de 2022