- 16.04
- 2020
- 15:35
- Abraji
Liberdade de expressão
Abraji repudia ataque contra jornalista da Revista Época
Nesta quinta-feira (16.abr.2020), o Secretário Especial de Comunicação Social da Presidência da República usou sua conta no Twitter para atacar, insultar e tentar destruir a reputação de um jornalista. O chefe da Secom, Fabio Wajngarten, afirmou que o repórter e colunista da Revista Época Guilherme Amado é racista.
Wajngarten escreveu: “O suposto jornalista Guilherme Amado mais uma vez investe contra mim e meus familiares. Racista, já me ofendeu por ser judeu. Mentiroso, seguidamente publica notas que tentam me denegrir e a imagem do governo Bolsonaro. Não passa de um profissional medíocre”.
Em outra postagem, também em 16.abr.2020, o chefe da Secom afirma que a revista Época produz “fofoca e fake news” e que profissionais como Amado entrarão “para o lixo da história”.
Amado é colunista da revista Época e da Rádio CBN. Cobre política e crime organizado em diferentes vertentes desde 2009. Em 2014, recebeu os prêmios Esso e Tim Lopes com a reportagem “Os embaixadores do Narcosul”. Foi bolsista John S. Knight Journalism Fellow na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, é vice-presidente da Abraji e integra o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).
O colunista editou e publicou reportagem assinada por uma jornalista de sua equipe, revelando que a esposa do secretário, Sophie Wajngarten, viajou com dinheiro público no aniversário do marido para supostamente realizar um encontro de trabalho. A Casa Civil negou a existência de reuniões no período, contradizendo a justificativa para os gastos da viagem.
Fabio Wajngarten insinua que Amado discrimina judeus, devido a uma nota publicada pelo colunista em 2019, na qual chamava a atenção para uma postagem do chefe da Secom. Nela, Wajngarten, que é judeu, dizia ter sido batizado em Israel por um pastor evangélico. O jornalista não fez qualquer juízo de valor sobre a religião judaica ou sobre o cristianismo evangélico.
O jornalismo exerce o papel de fiscalizar o poder e denunciar irregularidades. É esperado que políticos e instituições contestem informações apuradas e documentadas, mas caluniar quem aponta contradições é um desrespeito à imprensa. É lamentável constatar que, nos últimos 15 meses, o governo Bolsonaro tem promovido de forma recorrente ataques e tentativas de intimidação ao jornalismo.
Diretoria da Abraji, 16 de abril de 2020.