Abraji repudia ameaças de moradores a jornalista que filmou agressão de GCM em SP
  • 30.05
  • 2022
  • 18:10
  • Abraji

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Abraji repudia ameaças de moradores a jornalista que filmou agressão de GCM em SP

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudia com veemência a reação de moradores da região central de São Paulo que foram até o apartamento do jornalista Caio Castor ameaçá-lo por ele ter filmado, na sexta-feira (27.mai.2022), um guarda civil metropolitano agredindo uma dependente química. Nos grupos de WhatsApp do bairro, moradores se queixaram de Castor ter divulgado as imagens, que serviram de base para uma reportagem da TV Globo. Eles alegaram que a reportagem levaria à retirada da Guarda Civil Metropolitana (GCM) do local, onde agora se instalou uma nova cracolândia.

Para além da troca de mensagens, um grupo de moradores decidiu ir até o prédio de Caio Castor e, por interfone, passou a ameaçá-lo. Dentro do apartamento com a mulher e a filha, o jornalista pediu apoio dos amigos e do padre Júlio Lancellotti, que auxilia pessoas em situação de rua na região. O padre acionou a polícia, mas os moradores se dispersaram antes de os policiais chegarem ao local. Ainda sob ameaça, no domingo (29.mai.2022), Castor e sua família deixaram o apartamento por medo de agressão. 

Jornalista independente, Caio Castor colabora com diversos veículos de comunicação, como Agência Pública, Ponte Jornalismo e Agência Pavio. Morador da região central afetada pelo deslocamento recente da cracolândia, o videorrepórter cumpriu seu papel de mostrar uma atuação irregular do guarda civil metropolitano que agrediu uma mulher em situação de rua. Acompanhar o trabalho de agentes públicos e colaborar para coibir excessos é papel fundamental do jornalismo. 

Sabe-se que, com o deslocamento da cracolândia, os moradores foram diretamente atingidos, registrando aumento da violência e da insegurança no local. O policiamento é necessário, assim como as políticas de saúde pública para lidar com a dependência química e com a reinserção dos usuários de drogas na sociedade. 

É papel da GCM e das autoridades policiais proverem a segurança pública da região. O fato de um abuso ser denunciado não pode ser motivo para que se retire dali o policiamento, assim como é inadmissível que, para garantir esse policiamento, os moradores sejam coniventes com violência gratuita. 

A Abraji se solidariza com Caio Castor e sua família e cobra a Secretaria de Segurança Pública para que investigue o caso com rapidez e responsabilize os autores das ameaças ao jornalista, assim como o guarda civil metropolitano que agrediu a dependente química. 

Diretoria da Abraji, 30 de maio de 2022.
 

Assinatura Abraji