- 08.12
- 2003
- 09:00
- Abraji
Abraji participa da rede internacional de jornalismo investigativo
"Esforços investigativos aceleram ao redor do mundo"
No ano passado, representantes da IRE foram duas vezes ao Brasil após o brutal assassinato do jornalista Tim Lopes por líderes do tráfico no Rio de Janeiro. Fomos lá para conversar sobre o jornalismo investigativo e sobre o valor de formar uma organização semelhante à IRE. Lopes morreu em 2 de junho - assustadoramente, na mesma data em que o membro da IRE Don Bolles foi fatalmente ferido por uma bomba colocada em seu carro, 26 anos antes, em Phoenix.
Os convites para ir ao Brasil vieram de Rosental Calmon Alves, amigo de Lopes e jornalista brasileiro que agora ocupa a cátedra Knight na Universidade do Texas em Austin. Ele também convidou Pedro Armendares, diretor da Periodistas de Investigación, parceira da IRE no México.
Alves administra uma grande doação da Fundação Knight para treinar jornalistas na América Latina, e sentiu ser profundamente importante que os jornalistas brasileiros ouvissem, em primeira mão, como podem ser valiosas as organizações de jornalismo investigativo para o treinamento e a autoproteção. Depois da Segunda visita, os jornalistas brasileiros votaram para criar sua própria IRE - a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.
Essa é apenas uma onda num movimento oceânico de reportagem investigativa ao redor do mundo.
Como vocês verão nesta edição, a paixão jornalística por descobrir delitos e expor abusos contra os pobres e fracos está aumentando em todos os continentes. Quase toda semana, ouvimos falar de novos projetos e grupos internacionais prontos a seguir o trabalho da IRE e de seus membros.
Existem agora associações semelhantes à IRE não só no Brasil, mas também no México, Filipinas, Romênia e Bulgária, apenas para citar algumas. Em nossa conferência anual da IRE, aqui nos EUA, mais de 10% dos presentes vêm de outros países. Nossos cursos para treinar jornalistas, tanto nos EUA quanto fora, continuam a crescer.
A IRE começou com a idéia de jornalistas ajudando jornalistas a fazer melhores reportagens investigativas. Nossos esforços geralmente ficavam dentro dos limites dos EUA nas duas primeiras décadas, e especialmente o ex-presidente Joe Rigert encorajou a participação de jornalistas estrangeiros e a formação de organizações semelhantes, particularmente na Suécia.
A falta de fundos ou de rotas fáceis de comunicação nos atrapalhou, mas era o que podíamos fazer com nossos recursos limitados para trabalhar dentro dos limites dos EUA.
Na última década, porém, demos passos significativos para chegar a nossos colegas estrangeiros. Criamos a IRE-México (hoje Periodistas), demos consultoria a jornalistas estrangeiros sobre reportagens e sobre a formação de associações, trabalhamos com o programa internacional aqui da Escola de Jornalismo de Missouri e seu diretor Fritz Cropp, e desenvolvemos relevante material para treinamento.
A chave de nossos esforços foram o membro e voluntário David Kaplan, do U.S.News and World Report, e o membro do Conselho Stephen Miller, do New York Times. Kaplan, veterano repórter internacional e visionário nesta área, organizou conferências, levantou fundos, conversou incontáveis vezes com jornalistas visitantes e viajou muito para fazer seminários.
Miller também viajou a outros países em nome da IRE, trabalhou para levantar fundos e tem sido um constante animador dos esforços de nossa organização para trabalhar com jornalistas de fora dos EUA.
Também fomos auxiliados por outros grupos, como o World Press Institute, liderado por John Ullmann, ex-diretor executivo da IRE; o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos; o Comitê para a Proteção de Jornalistas; a NetMedia, baseada em Londres; e, mais recentemente, o Centro Internacional de Jornalistas.
Há dois anos, nos reunimos com nossos colegas dinamarqueses para ajudar a organizar uma inédita Conferência Global de Jornalismo Investigativo. Mais de 300 jornalistas, de 44 países, estiveram presentes. A segunda conferência ocorre em maio. Na deste ano, podemos prever a criação de uma rede internacional de organizações de jornalismo investigativo, que compartilhará treinamento e recursos.
No ano passado, a diretoria da IRE tornou nosso trabalho internacional uma prioridade. Tanto a diretoria quanto os nossos sócios reconhecem que fazer um melhor trabalho investigativo significa melhorar as conexões entre jornalistas do mundo inteiro.
Nos últimos anos, aumentou muito o número de pedidos feitos por membros americanos da IRE de contatos internacionais para a IRE, especialmente depois dos ataques terroristas. Mas, mesmo antes disso, os pedidos aumentavam por causa de matérias sobre imigração, empresas que iam para outros países, abusos de trabalho e questões de saúde pública. Neste momento, em nossa visão, jornalistas de toda parte podem trabalhar juntos, ainda que seus países não possam.
Compreendemos que o jornalismo investigativo internacional tem muitos desafios por causa das diferentes culturas, religiões e ideologias - e porque os jornalistas de vários países estão começando a descobrir padrões de jornalismo investigativo que a IRE há muito tempo já adotou. Estamos certos de que a cooperação é vital para fazer um jornalismo melhor, e estamos fazendo tudo o que podemos para encorajá-la.
Brant Houston é o diretor executivo da IRE. Ele pode ser contatado pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone 00 1 573 882-2042.
Fonte: IRE
No ano passado, representantes da IRE foram duas vezes ao Brasil após o brutal assassinato do jornalista Tim Lopes por líderes do tráfico no Rio de Janeiro. Fomos lá para conversar sobre o jornalismo investigativo e sobre o valor de formar uma organização semelhante à IRE. Lopes morreu em 2 de junho - assustadoramente, na mesma data em que o membro da IRE Don Bolles foi fatalmente ferido por uma bomba colocada em seu carro, 26 anos antes, em Phoenix.
Os convites para ir ao Brasil vieram de Rosental Calmon Alves, amigo de Lopes e jornalista brasileiro que agora ocupa a cátedra Knight na Universidade do Texas em Austin. Ele também convidou Pedro Armendares, diretor da Periodistas de Investigación, parceira da IRE no México.
Alves administra uma grande doação da Fundação Knight para treinar jornalistas na América Latina, e sentiu ser profundamente importante que os jornalistas brasileiros ouvissem, em primeira mão, como podem ser valiosas as organizações de jornalismo investigativo para o treinamento e a autoproteção. Depois da Segunda visita, os jornalistas brasileiros votaram para criar sua própria IRE - a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.
Essa é apenas uma onda num movimento oceânico de reportagem investigativa ao redor do mundo.
Como vocês verão nesta edição, a paixão jornalística por descobrir delitos e expor abusos contra os pobres e fracos está aumentando em todos os continentes. Quase toda semana, ouvimos falar de novos projetos e grupos internacionais prontos a seguir o trabalho da IRE e de seus membros.
Existem agora associações semelhantes à IRE não só no Brasil, mas também no México, Filipinas, Romênia e Bulgária, apenas para citar algumas. Em nossa conferência anual da IRE, aqui nos EUA, mais de 10% dos presentes vêm de outros países. Nossos cursos para treinar jornalistas, tanto nos EUA quanto fora, continuam a crescer.
A IRE começou com a idéia de jornalistas ajudando jornalistas a fazer melhores reportagens investigativas. Nossos esforços geralmente ficavam dentro dos limites dos EUA nas duas primeiras décadas, e especialmente o ex-presidente Joe Rigert encorajou a participação de jornalistas estrangeiros e a formação de organizações semelhantes, particularmente na Suécia.
A falta de fundos ou de rotas fáceis de comunicação nos atrapalhou, mas era o que podíamos fazer com nossos recursos limitados para trabalhar dentro dos limites dos EUA.
Na última década, porém, demos passos significativos para chegar a nossos colegas estrangeiros. Criamos a IRE-México (hoje Periodistas), demos consultoria a jornalistas estrangeiros sobre reportagens e sobre a formação de associações, trabalhamos com o programa internacional aqui da Escola de Jornalismo de Missouri e seu diretor Fritz Cropp, e desenvolvemos relevante material para treinamento.
A chave de nossos esforços foram o membro e voluntário David Kaplan, do U.S.News and World Report, e o membro do Conselho Stephen Miller, do New York Times. Kaplan, veterano repórter internacional e visionário nesta área, organizou conferências, levantou fundos, conversou incontáveis vezes com jornalistas visitantes e viajou muito para fazer seminários.
Miller também viajou a outros países em nome da IRE, trabalhou para levantar fundos e tem sido um constante animador dos esforços de nossa organização para trabalhar com jornalistas de fora dos EUA.
Também fomos auxiliados por outros grupos, como o World Press Institute, liderado por John Ullmann, ex-diretor executivo da IRE; o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos; o Comitê para a Proteção de Jornalistas; a NetMedia, baseada em Londres; e, mais recentemente, o Centro Internacional de Jornalistas.
Há dois anos, nos reunimos com nossos colegas dinamarqueses para ajudar a organizar uma inédita Conferência Global de Jornalismo Investigativo. Mais de 300 jornalistas, de 44 países, estiveram presentes. A segunda conferência ocorre em maio. Na deste ano, podemos prever a criação de uma rede internacional de organizações de jornalismo investigativo, que compartilhará treinamento e recursos.
No ano passado, a diretoria da IRE tornou nosso trabalho internacional uma prioridade. Tanto a diretoria quanto os nossos sócios reconhecem que fazer um melhor trabalho investigativo significa melhorar as conexões entre jornalistas do mundo inteiro.
Nos últimos anos, aumentou muito o número de pedidos feitos por membros americanos da IRE de contatos internacionais para a IRE, especialmente depois dos ataques terroristas. Mas, mesmo antes disso, os pedidos aumentavam por causa de matérias sobre imigração, empresas que iam para outros países, abusos de trabalho e questões de saúde pública. Neste momento, em nossa visão, jornalistas de toda parte podem trabalhar juntos, ainda que seus países não possam.
Compreendemos que o jornalismo investigativo internacional tem muitos desafios por causa das diferentes culturas, religiões e ideologias - e porque os jornalistas de vários países estão começando a descobrir padrões de jornalismo investigativo que a IRE há muito tempo já adotou. Estamos certos de que a cooperação é vital para fazer um jornalismo melhor, e estamos fazendo tudo o que podemos para encorajá-la.
Brant Houston é o diretor executivo da IRE. Ele pode ser contatado pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone 00 1 573 882-2042.
Fonte: IRE