- 14.06
- 2019
- 08:17
- Abraji
Liberdade de expressão
Abraji lamenta morte de Clóvis Rossi
O jornalista Clóvis Rossi morreu na madrugada de 14.jun.2019, aos 76 anos, em sua casa em São Paulo. Rossi, que trabalhava na Folha de S.Paulo desde 1980, se recuperava de um infarto. Ele foi homenageado pela Abraji durante o 10º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, em 2015, por sua contribuição ao jornalismo. A Abraji recebe com tristeza a notícia do falecimento de Rossi, um dos melhores repórteres da história do jornalismo brasileiro.
"Quando era pouco mais que um foca na Folha, tive o privilégio de trabalhar lado a lado com Rossi na Argentina, em 1996, quando foi demitido o então poderoso ministro Domingo Cavallo. Nunca esqueci daquela aula de jornalismo e da enorme generosidade com quem tinha ainda tanto por aprender", relembrou o presidente da Abraji, Daniel Bramatti.
Colunista e integrante do Conselho Editorial da Folha, Rossi nasceu em São Paulo em 25.jan.1943. Iniciou sua carreira em 1963, tendo trabalhado no Correio da Manhã, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil. Também passou pela revistas Istoé e Autoesporte, além de ter tido um blog no jornal El País. Como parte da homenagem em 2015, a Abraji exibiu um documentário sobre a vida e a carreira de Rossi.
Em seu último texto publicado em 12.jun.2019, intitulado Boletim Médico, Rossi dava satisfações aos leitores por seu afastamento do jornal devido ao infarto sofrido no dia 7.jun.2019. Ele explicou que havia feito duas angioplastias e recebido cinco stents no coração. "A alta está prevista para esta quinta-feira (13.jun.2019) e, como o músculo cardíaco não chegou a ser afetado, pretendo retornar à atividade profissional normal na próxima semana", escreveu.
Rossi, que sempre preferiu a reportagem à edição, participou da cobertura de eventos históricos, como o fim do regime franquista na Espanha. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e foi correspondente da Folha em Buenos Aires e Madri. Formado pela Casper Líbero, ganhou vários prêmios jornalísticos importantes, como o Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, e o da Fundação Nuevo Periodismo Ibero-Americano, criada pelo escritor Gabriel García Márquez.
Além da homenagem durante o 10º Congresso da Abraji, Rossi participou, na edição de 2017, do painel "O que eu gostaria que tivessem me dito quando eu era foca", com a jornalista Elvira Lobato e mediação de Rosental Calmon Alves, do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. "O jornalismo brasileiro perdeu um de seus melhores profissionais, e eu perdi um dos meus mais queridos amigos que inspirou minha carreira", disse Calmon Alves.
Vladimir Netto, repórter da TV Globo e diretor da Abraji, considera que Rossi "foi um farol para muitas gerações de jornalistas". "Sempre soube trazer para o leitor um olhar brasileiro sobre o que acontecia no mundo. Suas lições estarão sempre entre nós.", disse.
Foto: Alice Vergueiro/Abraji