- 09.10
- 2012
- 06:43
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Abraji lamenta afastamento de André Caramante e cobra investigação rápida das ameaças
A Abraji lastima profundamente a situação do repórter André Caramante, da Folha de S.Paulo. Com o apoio do jornal, o profissional se afastou da redação diante de ameaças a ele e à sua família, iniciadas após a publicação de uma reportagem sobre o coronel reformado da Polícia Militar Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada, recém-eleito vereador em São Paulo.
A violência e a intimidação contra jornalistas são uma aberração em qualquer parte do país ou do mundo. Quando essas condutas chegam a uma gravidade tal que um repórter precisa alterar sua rotina, torna-se evidente que ainda há duros obstáculos para o pleno exercício da liberdade de expressão no Brasil. O fato de acontecer justamente no Estado mais rico do país e envolvendo um profissional ligado a um grande veículo mostram a universalidade do obstáculo.
Já se vão vinte anos desde que o jornalista Caco Barcellos teve de se afastar de suas atividades, por tratar do mesmo tema que Caramante no livro "Rota 66". À época, mesmo se tratando de uma situação excepcional, a proximidade temporal com a ditadura militar poderia servir de escusa para o recuo. Mas atualmente, quando o Brasil se diz uma democracia consolidada - a ponto de eleger o próprio Coronel Telhada -, não há justificativa para esse tipo de ação.
A investigação das ameaças contra Caramante devem ser conduzidas com celeridade e integridade, de modo a tornar possível a normalização do cotidiano do jornalista, cujo trabalho sério e responsável prestou e presta serviços importantes à sociedade brasileira - e a quem a Abraji oferece seu total apoio.