• 16.11
  • 2006
  • 10:16
  • PNUD

Abraji, IAS e Pnud criam curso ligado ao IDH

Do site do PNUD:

Uma parceria entre uma associação criada por jornalistas com reconhecida atuação na área investigativa, uma das principais organizações não-governamentais brasileiras voltadas à promoção do bem-estar social e a agência das Nações Unidas dedicada ao desenvolvimento humano resultou na elaboração de uma série de cursos que busca orientar os profissionais da imprensa a cobrir assuntos ligados ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). O programa é fruto de um acordo da ABRAJI (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), do Instituto Ayrton Senna e do PNUD para ampliar a qualidade da cobertura da imprensa brasileira sobre os indicadores de desenvolvimento humano.

O projeto foi formalizado nesta sexta-feira, em São Paulo, em um encontro que reuniu o presidente da ABRAJI e ombudsman do jornal Folha de S. Paulo, Marcelo Beraba, a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, e a representante-residente do PNUD e coordenadora do Sistema ONU no Brasil, Kim Bolduc. O encontro contou ainda com a presença do especialista em desenvolvimento humano José Carlos Libânio, do PNUD, que fez uma apresentação do Relatório de Desenvolvimento Humano 2006 para os jornalistas presentes.

Já estão programados 15 treinamentos para 2007 — seis on-line e nove presenciais. Os presenciais serão realizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e em Estados do Nordeste e do Sul ainda não definidos. Os cursos serão para turmas pequenas, de cerca de 20 pessoas, e divididos em módulos. As aulas abordarão desde os conceitos de desenvolvimento humano até instruções para a manipulação de bancos de dados como o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil e oficinas de reportagens com auxílio de computador. Os interessados em fazer o curso ainda poderão optar pelo treinamento on-line.

“A idéia é mostrar para os jornalistas os caminho das pedras para buscar informações sobre desenvolvimento humano”, resume Beraba. Segundo ele, o treinamento deve permitir que os jornalistas assimilem os conceitos e passem a usá-los com maior freqüência, não apenas quando um acontecimento como o lançamento do RDH entra em pauta. “Isso deveria estar introjetado na cabeça do jornalista, contaminado, diluído no seu dia-a-dia”, defendeu.

A elaboração do curso busca em parte atender uma demanda dos jornalistas por referências para analisar o desempenho dos países nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, de acordo com a representante do PNUD. “Em alguns encontros com jornalistas em Brasília, percebemos que eles queriam saber como avaliar o progresso, para saber em que casos reconhecer os avanços e em que casos cobrar os responsáveis”, afirmou Kim. Para ela, o treinamento é uma forma de ajudar a imprensa a acompanhar com maior regularidade o setor.

O curso é também uma maneira de dar um passo adiante na cobertura jornalística do tema para aprofundar a abordagem, na avaliação de Viviane Senna. “A cobertura da imprensa sobre desenvolvimento humano tem se ampliando. Há um esforço para ampliarmos ainda mais isso. E essa ampliação tem que vir acompanhada de um aumento na qualificação da informação”, afirmou. “O curso permitirá aos jornalistas manejar esses conceitos com maior propriedade”, frisou.

RDH 2006

O RDH 2006 indica que o Brasil precisa se preocupar mais com a educação, defendeu José Carlos Libânio, especialista em desenvolvimento humano do PNUD. Para ele, o fato de o país ter avançado lentamente nesse aspecto impediu um aumento mais expressivo no IDH. “O que preocupa são os indicadores de educação, que, depois de terem puxado o IDH nos últimos anos, se estabilizaram. É fundamental que a educação acelere para entrarmos no rol dos países de alto desenvolvimento humano”, afirmou.

O principal desafio do governo na área é ampliar o percentual de pessoas que freqüentam o ensino médio, avaliou Libânio. “Foi feito muito pelos alunos de 7 a 14 anos e temos hoje um bom nível. É preciso ver depois. Esses alunos não podem abandonar a escola”, declarou. Entre as ações necessárias para evitar a evasão escolar o especialista do PNUD inclui o acesso à água e ao saneamento. “Os estudantes precisam morar em um ambiente salubre. O número de dias de aulas que se perdem por doenças como diarréia é altíssimo”, disse.

Assinatura Abraji