• 08.12
  • 2005
  • 08:50
  • MarceloSoares

Abraji faz três anos

São Paulo, 7 de dezembro de 2005.

Prezados sócios, colaboradores e amigos da Abraji,

Há três anos, neste mesmo dia, reuníamos cerca de 150 jornalistas no auditório Freitas Nobre, na Universidade de São Paulo, para discutir a formação da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.

O grupo foi convocado a partir de uma lista de e-mails que criamos após o assassinato do repórter Tim Lopes, da Rede Globo. A lista, que existe até hoje, foi criada pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas – que, desde o começo, foi nosso grande parceiro.

Antes do evento que criou a Abraji, o futuro presidente da associação, Marcelo Beraba, descreveu como poderia ser essa associação, diferente de tudo o que havia disponível para jornalistas até então:

"Uma instituição formada e mantida por jornalistas, independente dos jornais e das entidades de classe, voltada para a troca de informações, para a formação e a reciclagem profissional. Que pudesse fazer parcerias com os jornais, as TVs e as rádios, as entidades de classe, mas voltada principalmente para o crescimento profissional dos jornalistas. Não seria uma entidade contra nada e nem contra ninguém, mas a favor da melhoria profissional, o que significa um respeito à sociedade que nos cobra um jornalismo de qualidade."

Três anos depois, fundamentalmente com o apoio de vocês, já avançamos bastante na construção dessa associação que idealizamos. Com recursos doados pelo Centro Knight e pela Fundação Robert R.McCormick-Tribune, pudemos criar uma pequena estrutura administrativa – basicamente um escritório e um funcionário, agora dois. Também pudemos organizar alguns eventos, incluindo o bem-sucedido congresso que realizamos no final de outubro no Rio de Janeiro. Em 2003, com poucos dias além de seu primeiro ano, a Abraji já tinha ganho seu primeiro prêmio - o Esso de melhor contribuição à imprensa. Há um mês, lançamos nosso primeiro livro, “Dez Reportagens que Abalaram a Ditadura”, em parceria com a Editora Record.

Desde sua criação, a Abraji visitou nove Estados (SP, RJ, MG, RS, PR, PE, CE, RO e DF), com cursos, seminários e palestras. Representantes da Abraji foram convidados a visitar quatro países (Estados Unidos, Dinamarca, Holanda e Uruguai) para contar nossa experiência. Desde 2003, a Abraji faz parte da Rede Global de Jornalismo Investigativo, que reúne dezenas de entidades sem fins lucrativos, do mundo todo, que se dedicam a incentivar o jornalismo investigativo. Por motivos alfabéticos, a Abraji é a primeira da lista: http://www.dicar.org/gijn/.

A Abraji ajudou a colocar na pauta de discussões do país a questão do direito de acesso a informações públicas. Em setembro de 2003, fizemos um grande encontro no Congresso Nacional para debater o direito de acesso. Um ano e dois meses depois, nos reunimos com outras 20 organizações da sociedade civil – do Tortura Nunca Mais à OAB, da Transparência Brasil à Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho – para a primeira grande reunião do Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas. Neste ano, fechamos um convênio com a campanha inglesa Article 19, para reforçar nossa campanha por transparência dos negócios públicos. Já existe um projeto de direito de acesso pronto para ser votado na Câmara. Neste ano, por duas vezes, representantes da Abraji foram convidados a falar sobre o andamento da questão brasileira em Montevidéu.



Treinamento

Entre as maiores contribuições da Abraji à pauta de discussões do jornalismo no Brasil foi a disseminação de informações sobre as técnicas de reportagem com o auxílio do computador (RAC). Ao todo, quase 3 mil jornalistas participaram das atividades promovidas pela Abraji. Em praticamente todas elas, houve oficinas sobre RAC. Neste ano, passamos a ser freqüentemente convidados a dar cursos de RAC em empresas de comunicação, pelos quais cobramos uma taxa para manutenção da associação. Já estivemos duas vezes no O Globo, por três vezes na TV Globo e uma vez no O Estado de Minas. Um projeto de reportagem usando técnicas de RAC – “Bastidores do Poder”, editado pela sócia Angelina Nunes – ganhou o Esso de Jornalismo no ano passado. O projeto foi concebido após um curso de RAC dentro do O Globo. Também levamos cursos de RAC à Universidade de São Paulo e à Universidade de Araraquara.

(Caso alguma empresa ou faculdade de algum de vocês esteja interessada em receber um de nossos cursos, deve entrar em contato conosco: [email protected] )

Também criamos iniciativas voltadas à qualificação daqueles jovens que querem se tornar bons repórteres. Em parceria com a Oboré Projetos Especiais, em São Paulo, participamos desde o ano passado do projeto Repórter do Futuro, criado pela empresa em 1994. No Rio, ao lado de universidades públicas e privadas, empresas de comunicação e do Observatório das Favelas, fazemos parte do conselho gestor da Escola Popular de Comunicação Crítica. A escola recebe estudantes que moram em várias comunidades da zona norte do Rio de Janeiro, que tenham segundo grau completo e vontade de contar a história do lugar onde vivem.

Para 2006, com uma estrutura mais profissionalizada e nova injeção de recursos, teremos condições para ampliar nossas atividades. Pretendemos fazer pelo menos um curso abrangente sobre cobertura investigativa das eleições (o grande tema do ano). Também queremos nos aproximar com mais freqüência das redações e faculdades, levando nossos cursos de RAC e de coberturas especializadas. Queremos concretizar nosso projeto de colocar em nosso website um banco de dados de boas reportagens publicadas nos mais diversos cantos do Brasil (caso queira enviar alguma, escreva para [email protected]).

Também continuaremos nosso projeto de alertas de emergência sobre ameaças ao exercício do jornalismo. Desde o início deste ano, em parceria com o Instituto Prensa y Sociedad (IPYS), do Peru, sempre que algum jornalista sofre alguma agressão, censura ou sentença que possa ser injusta, a Abraji prepara um alerta que é enviado ao mundo inteiro em três línguas. Foi dessa forma que as agressões contra o jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto se tornaram conhecidas no mundo todo. Não é admissível que haja ataques contra o exercício do jornalismo – e, quando eles ocorrerem, a Abraji fará a apuração dos fatos e dará conhecimento deles ao mundo todo. O e-mail para contato do projeto de alertas é [email protected]



Sócios

Hoje, a Abraji tem 448 sócios inscritos em 26 Estados brasileiros. Esses jornalistas e estudantes têm descontos para participarem de nossos cursos, têm acesso a bancos de dados exclusivos (como o Banco de Dados sobre Crime Organizado) e podem participar de uma lista de discussão para troca de informações apenas entre os membros da Abraji. Outras vantagens estão sendo preparadas para o próximo ano.

Mais do que isso: é com a contribuição dos sócios, concretizada na forma de anuidades (R$ 100 para profissionais, R$ 60 para estudantes), que a Abraji terá a cada dia mais condições de criar oportunidades de aperfeiçoamento para jornalistas nos próximos anos. Se você ainda não é parte da Abraji, associe-se e ajude a fortalecer o jornalismo investigativo no Brasil (a filiação pode ser feita pelo site - www.abraji.org.br).

Forte abraço da equipe da Abraji.

Diretoria: Marcelo Beraba, Chico Otavio, Fernando Rodrigues, José Roberto de Toledo, Fernando Molica, Cláudio Tognolli e Liège Albuquerque
Administração: Rebeca Kritsch e Marcelo Soares
Assinatura Abraji