
- 10.09
- 2025
- 13:55
- Abraji
Formação
Acesso à Informação
Abraji e WRI Brasil lançam bolsas para reportagens sobre transição climática
Matéria atualizada em: 06 de outubro de 2025 - prorrogação das inscrições
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o WRI Brasil abrem inscrições para o projeto “O Brasil pós-COP30: Caminhos para a neutralidade de emissões”, que financiará quatro reportagens originais sobre a transição climática brasileira.
Cada proposta selecionada receberá R$ 8.000 e apoio de mentores técnicos. As inscrições ficam abertas de 9 de setembro a 12 de outubro e o resultado sai em 17 de outubro. As reportagens devem ser publicadas até 20 de dezembro de 2025.
O projeto busca qualificar a cobertura sobre Estratégias Climáticas de Longo Prazo (LTS) — instrumentos previstos no acordo de Paris que formalizam e guiam a descarbonização do país — conectando evidência científica, dados setoriais e histórias humanas.
A transição para uma economia com neutralidade de emissões em 2050 é a maior pauta do nosso tempo. Ela não é apenas uma história ambiental, mas uma pauta transversal que redefine a economia, a política, as relações de trabalho e o nosso cotidiano. O papel do jornalismo é fundamental para traduzir a complexidade desse processo para a sociedade, fiscalizar as promessas e, principalmente, contar as histórias humanas por trás dos números e das metas.
Veja aqui o edital completo com todas as regras em detalhes.
Capacitação sobre LTS pré-COP30
Em 1º de outubro, das 15h às 17h, Abraji e WRI Brasil realizam um webinar gratuito para Capacitação sobre LTS pré-COP30 com o objetivo de tirar dúvidas sobre o edital e explicar fundamentos da LTS no contexto brasileiro. Especialistas do WRI Brasil participarão como fontes técnicas. Para acessar o material apresentado durante o webinar, clique neste link.
Temas elegíveis (escolha 1 ou 2 eixos por proposta)
Tema 1: Energia (oferta e demanda)
“Energia” cobre a oferta (geração elétrica e combustíveis: eólica, solar, hidrelétricas, biomassa, petróleo e gás, refino, gás natural, etanol, biodiesel, hidrogênio, nuclear) e a demanda (consumo final por setor: transportes, indústria, residências, comércio e serviços). A LTS exige coerência entre expansão de renováveis, redes, armazenamento e redução da intensidade de carbono por kWh e por unidade de PIB.
Perguntas-guia possíveis de pauta:
- Como o setor elétrico brasileiro se adaptará às mudanças climáticas?
- Como descarbonizar o setor energético pelo lado da oferta e ao mesmo tempo democratizar o acesso à energia? Como endereçar a pobreza energética que afeta ainda diferentes regiões do país? Nessa discussão é possível conectar com justiça climática, pensando principalmente no conceito de pobreza energética.
- O que significa segurança energética para o Brasil considerando a necessidade de afastamento dos combustíveis fósseis? Qual o papel do gás, reservatórios ou outras medidas na segurança do sistema até 2035–2050? trade-offs climáticos e financeiros.
- Como a matriz elétrica e a rede (transmissão/distribuição) vão acomodar mais renováveis mantendo confiabilidade e custo? Quais gargalos regionais?
- Subsídios fósseis versus renováveis — quais incentivos ainda travam a transição?
- Qual o papel e potencial da bioenergia na diversificação da matriz energética, especialmente na Amazônia? Considerar impacto humano, no uso da terra, quem regula, quem fiscaliza.
- Captura de valor econômico: quem se beneficia (e quem perde) na expansão da bioenergia, solar e eólica?
Tema 2: indústria — setores difíceis de descarbonizar
“Hard-to-abate” são ramos com processos térmicos/químicos intensivos, difíceis de eletrificar de imediato. Sem reduções profundas nesses setores, a meta de neutralidade de emissões até 2050 não se sustenta. Tecnologias-chave incluem eficiência, eletrificação de calor de processo, combustíveis de baixo carbono (hidrogênio), CCS e circularidade/material efficiency.
Seus focos neste edital (escolha pelo menos um):
- Óleo e gás (upstream e refino): metano (vazamentos e flaring), intensidade de carbono por barril, descarbonização do refino, queda de emissões em logística. Dados: ANP, ONS/BEN, inventários; contraste com metas nacionais.
- Cimento: fator clínquer, combustíveis alternativos e ligantes de baixo carbono (ex.: lc³), eficiência térmica e captação de processo. Dados: SNIC (relatórios), roadmap tecnológico do cimento.
- Aço: rota BF-BOF vs. fornos elétricos (EAF) e DRI com hidrogênio; disponibilidade de sucata; emissões tCO₂/t aço. Dados: Instituto Aço Brasil e IEA.
- Alumínio: intensidade elétrica da redução; contratos de energia renovável; potencial da reciclagem (≈5 % da energia do alumínio primário). Dados: Abal, EPE.
- Vidro: fornos de alta temperatura, eletrificação e uso de caco; taxas de reciclagem e metas setoriais. Dados: Abividro/MCTI.
Perguntas-guia de pauta possíveis:
- Quais sinais de demanda existem para “produtos verdes” (aço/alumínio/ligantes de baixo carbono) – compras públicas, padrões, rotulagem? Lacunas regulatórias.
- Como mitigar riscos sociais: empregos, qualificação e governança da transição (just transition) nas cadeias?
- Quais alavancas tecnológicas estão prontas (eficiência, combustíveis alternativos, reciclagem) e quais dependem de inovação/infra (hidrogênio verde, CCS)? Prazos realistas até 2035/2050.
- Quais são as lacunas educacionais que precisam ser enfrentadas para termos um upskilling da força de trabalho brasileira para uma indústria verde no Brasil?
- Como posicionar produtos verdes brasileiros (setor hard-to-abate) no mercado doméstico e no mercado internacional?
- Quais os principais gargalos do financiamento para transição da indústria hard to abate do Brasil?
Documentos obrigatórios
As propostas devem incluir carta de compromisso de publicação assinada por veículo de imprensa, além de descrição detalhada da pauta, cronograma e orçamento.
Na seleção, a comissão vai considerar critérios de gênero, etnia, raça e região. Além disso, as propostas de reportagem precisam ter:
● Adequação ao tema;
● Originalidade da proposta;
● Impacto social;
● Criatividade;
● Previsibilidade de execução;
● Diversificação de fontes.
Cronograma
Inscrições: de 9 de setembro a 12 de outubro de 2025.
Webinar: 1º de outubro, das 15h às 17h.
Divulgação dos selecionados: 17 de outubro de 2025.
Prazo de publicação: 20 de dezembro de 2025.
Inscrições neste formulário.
Aprenda mais sobre as Estratégias Climáticas de Longo Prazo (LTS) nestes links:
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Plano Clima. Brasília, DF: MMA,. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/mudancas-climaticas/plano-clima. Acesso em: 04 set. 2025.
ELLIOTT, Cynthia; FRANSEN, Taryn; SROUJI, Jamal. Aligning nationally determined contributions with 1.5°C; net zero; and long-term, low-emission development strategies. Expert Note. Washington, DC: World Resources Institute, 2024. Disponível em: https://www.wri.org/research/aligning-ndcs-15degc-net-zero-and-lt-leds. Acesso em: 04 set. 2025.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Convenção-Quadro sobre a Mudança do Clima. Acordo de Paris. [S. l.]: ONU, 2015. Disponível em: https://unfccc.int/files/essential_background/convention/application/pdf/portuguese_paris_agreement.pdf. Acesso em: 04 set. 2025.
PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS (IPCC). Aquecimento Global de 1.5°C: Sumário para Formuladores de Políticas. [Genebra]: IPCC, 2018. Disponível em: https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/sites/2/2019/07/SPM-Portuguese-version.pdf. Acesso em: 04 set. 2025.
UNITED NATIONS FRAMEWORK CONVENTION ON CLIMATE CHANGE (UNFCCC). Long-Term Low Emission Development Strategies: Synthesis Report by the Secretariat. Bonn: UNFCCC, 2023. Disponível em: https://unfccc.int/documents/632339. Acesso em: 04 set. 2025.
Artigos e Análises
SILVERWOOD-COPE, Karen; GARCIA, Miriam; FELIN, Bruno; DIONIZIO, Emily; e OURO, Antonio. Nova NDC do Brasil: o que a meta revela sobre a transição da economia. WRI Brasil, 02 nov. 2023. Disponível em: https://www.wribrasil.org.br/noticias/nova-ndc-do-brasil-o-que-meta-revela-sobre-transicao-da-economia. Acesso em: 04 set. 2025.
SILVERWOOD-COPE, Karen. A conta da meta climática brasileira. O Estado de S. Paulo, 15 jul. 2025. Opinião. Disponível em: https://www.estadao.com.br/opiniao/espaco-aberto/a-conta-da-meta-climatica-brasileira/. Acesso em: 04 set. 2025.
WRI BRASIL. O que é uma Estratégia Climática de Longo Prazo (LT-LEDS)?. WRI Brasil, 18 out. 2021. Disponível em: https://www.wribrasil.org.br/noticias/o-que-e-uma-estrategia-climatica-de-longo-prazo. Acesso em: 04 set. 2025.
Eventos Online (Webinars)
O POTENCIAL DE ALINHAR NDCs COM METAS DE LONGO PRAZO. Realização: WRI Brasil, 11 jun. 2024. Webinar. Disponível em: https://www.wribrasil.org.br/eventos/2024/o-potencial-de-alinhar-ndcs-com-metas-de-longo-prazo. Acesso em: 04 set. 2025.
*Foto: Ricardo Botelho