Abraji e Transparência Internacional divulgam os dez selecionados para a bolsa de jornalismo regional
  • 10.05
  • 2019
  • 16:00
  • Redação

Formação

Abraji e Transparência Internacional divulgam os dez selecionados para a bolsa de jornalismo regional

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), em parceria com a Transparência Internacional Brasil, selecionou os dez jornalistas que receberão uma bolsa para participar do 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, que ocorrerá de 27 a 29 de junho, em São Paulo, e também de uma atividade para estimular o jornalismo investigativo em âmbito local no país.

Os escolhidos foram:

Jéssica Botelho (Amazonas): Colaboradora no Centro Popular do Auduovisual (Manaus/AM) e freelancer como pesquisadora/produtora de conteúdo em projeto sobre Internet e Direitos Humanos no Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação (CEPI) da FGV Direito-SP

Taymã Carneiro (Pará): Repórter no G1/Pará

Mariama Correia (Pernambuco): Marco Zero Conteúdo - coletivo de jornalismo investigativo e independente

André Uzêda (Bahia): Rede Bahia -afiliada da TV Globo na Bahia

Melquíades Júnior (Ceará): Repórter jornal Diário do Nordeste/Sistema Verdes Mares

Maurício Ângelo (Brasília): Freelancer (INESC, Observatório da Mineração, Intecept, Repórter Brasil)

Evelin Araújo Cáceres (Mato Grosso do Sul): Jornal Midiamax

Yago Sales (Goiás): Freelancer do Portal Dia Online, do Metrópoles e Ponte Jornalismo

Bruno Rampinelli (Espírito Santo): Rede Gazeta, afiliada da Rede Globo no Espírito Santo

Giulia Fontes (Paraná):Gazeta do Povo

No total foram recebidas 161 fichas de inscrição de 22 Estados diferentes do Brasil e mais o Distrito Federal. A Abraji e a Transparência Internacional agradecem a todos inscritos.

Os dez selecionados são jornalistas com atuação investigativa em âmbito local, em diferentes Estados. Eles serão levados para o Congresso da Abraji para ter acesso a palestras, cursos e treinamentos. Os profissionais serão apresentados a Marcelo Beraba, primeiro presidente da Abraji e membro do Conselho Curador da entidade, a um representante da Transparência Internacional e a um organizador do projeto Atlas da Notícia, iniciativa que mapeia a imprensa regional e local no Brasil.

Na manhã de 29 de junho, último dia do Congresso da Abraji, os três falarão aos profissionais sobre os princípios norteadores de cada entidade, além das possibilidades do jornalismo investigativo em nível subnacional: sua importância, formas de abordar em conjunto temas similares e relevantes para cada região, desafios encontrados e meios de se aprimorar.

Os jornalistas também conhecerão os projetos da Abraji que podem ajudar em sua rotina diária. Isso será feito por meio de oficina prática ministrada por um membro da Abraji. A proposta é apresentar o Publique-se, projeto que será ampliado, ganhando abrangência regional ao longo de 2019, e outras iniciativas, como Ctrl+X, Achados e Pedidos e o futuro Dados.org Abraji.

Os profissionais escolhidos também receberão passagens aéreas de ida e volta e hospedagem na Residência Abraji, além de entrada para os três dias do 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, em São Paulo.

Retratos locais
Os selecionados relataram os desafios que enfrentaram diariamente em seu trabalho em cada região do país. Melquíades Júnior, 36 anos, relatou, por exemplo, a falta de transparência no Ceará.

“As instituições públicas locais ainda são pouco afeitas à transparência e criam movimentos de maior dificuldade à atuação do jornalismo investigativo. A retirada do sigilo de informações que legalmente deveriam ser públicas é um dos desafios”, comentou.

Giulia Fontes, 24 anos, do Paraná, lembrou que os veículos de mídia sofrem com as equipes enxutas, que precisam encontrar tempo para cobrir os assuntos do dia a dia e, quando possível, também investigar grandes temas. “Acaba por limitar a realização de pautas investigativas, já que a equipe do jornal não é grande”, disse.

Também foram relatados os riscos que os profissionais investigativos sofrem no Brasil, em termos de segurança e deslocamentos. Jéssica Botelho, 28 anos, do Amazonas, lembra que trabalhos investigativos na região Norte demandam grande esforço logístico, o que torna mais difícil a sustentabilidade financeira.

“Desenvolver jornalismo investigativo na Amazônia requer sensibilidade e cuidado, os riscos são muitos e os interesses, idem. Além disso, a Amazônia tem um custo alto em termos de deslocamento. Como existe pouco jornalismo nos municípios distantes, o trabalho colaborativo, em rede, acaba se tornando inviável. Por isso, a sustentabilidade financeira é um obstáculo no jornalismo local dos estados nortistas”, descreveu.

As diferentes estruturas e realidades dos municípios do Brasil são um obstáculo a mais para o jornalismo investigativo local, como comentou Evelin Cáceres, 31 anos, do Mato Grosso do Sul. Tanto em termos de tecnologia como de instituições afetadas pela criminalidade.

“Cidades grandes, como Corumbá, que faz fronteira com a Bolívia, tem uma péssima banda larga, argumento sempre usado para dificultar a disponibilização de dados online. Por ter como rede de influência o narcotráfico e o jogo do bicho, com seus representantes no Executivo, Legislativo e Judiciário, fica difícil até mesmo fazer uma pauta ir para o ar sem que haja censura ou medo”, relatou.

Assinatura Abraji