
- 29.08
- 2025
- 12:39
- Ramylle Freitas
Liberdade de expressão
Acesso à Informação
Abraji e Transmídia: parceria fortaleceu representatividade e inclusão no 20º Congresso
O 20º Congresso da Abraji contou com muitas parcerias importantes para o jornalismo, entre elas a colaboração com a Transmídia, a primeira agência do Brasil dedicada à cobertura de pautas da população trans, formada por uma equipe de pessoas trans e travestis. A organização, que contribuiu para tornar o Congresso ainda mais inclusivo e acessível, teve um papel relevante na construção de debates sobre diversidade e representatividade, fomentando um jornalismo mais democrático.
Caê Vatiero, diretor institucional da agência, falou sobre a parceria:
“Antes de estar na Transmídia, trabalhei na Abraji, construindo formulários que olhassem para a diversidade, para o território, para raça. Que pensassem em pessoas trans e conseguisse criar mesas dentro do Congresso voltadas para a população trans também. Então, poder voltar enquanto Transmídia para olhar o que se tem de diversidade no Congresso, para mim, foi um saldo muito positivo. É importante reconhecer que várias das coisas que foram introduzidas nesses últimos anos, olhando para esses aspectos, se mantiveram e têm se aprimorado.”

*Foto: Luciana Vassoler/Abraji
Além de participar da mesa “Os ataques às políticas de diversidade impactam nas contratações das redações?”, Vatiero conta que a parceria resultou em um treinamento para os monitores voluntários do evento, contribuindo para um ambiente com mais respeito e inclusão.
“A Transmídia forneceu esse treinamento com algumas dicas e orientações. Isso foi muito importante, porque os voluntários estão no dia a dia do Congresso diretamente com palestrantes e participantes. E, para além disso, eu acho que essa parceria da Abraji com a Transmídia para o Congresso é um reconhecimento que o Congresso fez da existência de jornalistas trans que têm feito um trabalho qualificado”, pontuou.
Como fazer um jornalismo mais inclusivo?
Vatiero conta que a Transmídia surgiu a partir da ausência de espaço em que pessoas trans pudessem se ver representadas na mídia brasileira. A agência nasceu nesse contexto para que pessoas trans e travestis possam encontrar informações de qualidade sobre suas vivências, e não apenas conteúdos relacionados à violência ou a estereótipos.
“Acho que a Transmídia se encontra nesse lugar de transformar o jornalismo possível para pessoas trans e travestis, de modo que elas possam não apenas se sentir representadas, mas ter garantido o seu direito de acesso à informação”, disse o jornalista.
Segundo Vatiero, quando o jornalismo opta por não cobrir pautas envolvendo a população trans em áreas como saúde, educação, política ou lazer, é perceptível que se trata de uma escolha editorial.
“O primeiro passo é o jornalismo reconhecer a defasagem que existe em conhecer sobre o movimento trans e a população trans brasileira. O jornalismo tem a responsabilidade de reportar sobre o que acontece no Brasil com as pessoas trans. E também tem um peso histórico. O jornalismo contribui para essas estatísticas há muitos anos. Para a gente falar de um jornalismo inclusivo, é necessário estar atento a todas essas questões”, explicou.
Agente transformador
O trabalho da Transmídia vem moldando a forma como a história de pessoas trans e de outras minorias está sendo contada. O jornalista compartilha que, a partir do momento em que a Transmídia nasce como veículo jornalístico composto por uma equipe de pessoas trans, é desmentido o estigma de que pessoas trans ou pessoas LGBTs não são profissionais capacitados para atuar no jornalismo. “A gente mostra no nosso dia a dia, no nosso trabalho, em tudo que a gente vem fazendo, que isso não é verdade.”
Entre os impactos positivos que a organização vem causando no jornalismo, Vatiero pontua que desde o seu surgimento a Transmídia houve uma grande quantidade de pessoas trans buscando oportunidades para trabalhar na agência, pois não encontram espaço em outros locais.
“Isso é um grande impacto que a gente está começando a perceber sobre a importância da Transmídia existir. Quando a gente fala sobre a população trans, um dos grandes tópicos é a questão da empregabilidade e do acesso a oportunidades. A Transmídia já consegue evidenciar a necessidade que existe de pessoas trans no mercado jornalístico, e não é pela falta de profissionais, é pela falta de oportunidades.”
*Foto: Luciana Vassoler/Abraji