Abraji e Oboré: mais um ano de parceria na cobertura do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo
  • 20.08
  • 2024
  • 11:40
  • Laysa Vitória

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Abraji e Oboré: mais um ano de parceria na cobertura do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Foram 163 atividades presenciais – mais de 244 horas de conteúdo – além de 16 lançamentos de livros e atividades online na 19ª edição do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, a maior da história. Cobrir todo o evento é um grande desafio, por isso a Abraji conta, desde 2010, com a parceria da Oboré. Neste ano, 129 pessoas de dez estados e 39 faculdades participaram da cobertura.

A Redação-Laboratório do Projeto Repórter do Futuro da Oboré é composta majoritariamente por estudantes de jornalismo e recém-formados, mas também conta com o auxílio de veteranos das redações, divididos em núcleos como gestão, reportagem, edição, artes e redes sociais. Segundo Ana Luisa Gomes, coordenadora da redação e diretora da Oboré, a preparação e a organização da regra editorial e do fluxo da redação levam três meses.

“Nas reuniões preparatórias, insistimos na importância do trabalho em equipe, no relacionamento respeitoso e solidário entre pares, na organização pessoal necessária para o cumprimento dos prazos, além de estimular a prática reflexiva da profissão”, completou Ana Luisa.

Presentes nos três dias do 19º Congresso e no VI Domingo de Dados (de 11 a 14 de julho), os repórteres da Redação-Laboratório da Oboré apuraram e escreveram matérias sobre as palestras. Também cobriram o lançamento de livros e produziram conteúdo audiovisual para as mídias sociais da Abraji.

Katia Brembatti, presidente da Abraji, ressaltou a importância da parceria com a Oboré: “Acredito que essa interação gera pontos positivos para ambos os lados. Há um brilho no olhar, uma vontade extra de participar e, da nossa parte, uma atenção especial com a cobertura, para que tenhamos a maior e a melhor quantidade de informações no menor tempo possível. Essa parceria é de longa data e a gente espera que continue por muito mais tempo.”

Todos os textos produzidos pela Redação-Laboratório da Oboré estão disponíveis no blog congressoabraji.wordpress.com. E os conteúdos audiovisuais você encontra no Instagram e Tik Tok da Abraji. 

Seleção e Formação

A escolha dos participantes para a Redação-Laboratório é feita por meio de um edital. Após a seleção, os estudantes e profissionais recém-formados participam de uma etapa de formação específica durante três meses.

Os encontros preparatórios discutem a importância da pesquisa prévia, o formato de texto para blog e a edição dos materiais. Mas também a construção do organograma da Redação e do Manual de Redação para normatizar os textos da cobertura.

A estudante de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Cintia de Oliveira descreveu em seu depoimento para as redes sociais da Abraji a experiência de participar da Redação-Laboratório da Oboré: “A gente teve um fluxo muito bom. Deu para todo mundo cobrir pelo menos uma mesa e ter muita experiência.”

“Entendo que, para além da cobertura, os congressos da Abraji aproximam os estudantes de jornalismo das grandes questões que marcam a sociedade contemporânea e a própria profissão”, comentou Ana Luisa. 

A Redação-Laboratório faz parte do Projeto Repórter do Futuro, que foi criado pela Oboré em 1994. A iniciativa tem o objetivo de promover atividades de autodesenvolvimento para estudantes universitários, como cursos, reportagens, rodas de conversa, entrevistas e redações-laboratório.

Congresso online

Em 2024, a Abraji manteve o congresso em formato híbrido. Para quem não conseguiu participar presencialmente ou gostaria de rever alguma mesa, o congresso online de jornalismo investigativo continua com inscrições abertas. São mais de 30 conteúdos, entre cursos exclusivos para o online e atividades presenciais que tiveram transmissão simultânea.

A Amazônia teve destaque na 19ª edição do Congresso e também está presente no evento online. A mesa "Yanomami - um ano após a denúncia" teve transmissão simultânea e pode ser acessada remotamente.

Mediada pelas jornalistas Sônia Bridi e Kátia Brasil, a entrevista contou com os convidados Maurício Ye'Kwana e Júnior Hekurari, presidente da URIHI Associação Yanomami e do Conselho Distrital de Saúde Indígena. Eles falaram sobre o que aconteceu um ano após a denúncia da crise humanitária na terra Yanomami e relataram a atuação de organizações criminosas e garimpo nas terras indígenas. Júnior afirmou que a insegurança continua e que a comunidade Sanöma, etnia do povo Yanomami, ainda vive sob o domínio do poder paralelo.

Maurício Ye'Kwana disse que o narcotráfico é atualmente "a maior ameaça às terras Yanomami". A matéria completa sobre a mesa foi feita por Camila Cabral, integrante da Redação-Laboratório da Oboré. Acesse aqui.

A mesa "Política da seca: como unir jornalismo de dados e trabalho de campo para mostrar ineficácia dos gastos públicos", que aconteceu no VI Domingo de Dados, também pode ser vista no Congresso online. Com a presença dos jornalistas Carlos Madeiro, colunista do UOL; Cristiano Martins, jornalista de dados; Adriana Amâncio, jornalista freelancer de meio ambiente; e a mediação de Artur Rodrigues, repórter na Folha de S.Paulo, a palestra debateu bastidores de reportagens e as dificuldades de se investigar os gastos públicos para enfrentamento da seca no Nordeste do Brasil.

Os palestrantes enfatizaram que não é só a região Nordeste que sofre com a seca, sendo importante desmistificar essa visão. "Também há estiagem no Sudeste e em outros biomas, como a Amazônia", afirmou Carlos Madeiro. 

Os jornalistas ainda apresentaram fontes de dados abertos que utilizam nas reportagens, como os boletins do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e portais como o da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O resumo completo dessa palestra foi produzido por Duda Lopes, repórter da Redação-Laboratório da Oboré. Acesse aqui.

Uma novidade desta edição é que o congresso online tem aulas exclusivas, com duração de até 1 hora, distribuídas em trilhas como democracia, proteção e segurança de jornalistas, eleições e técnicas de investigação. Entre os cursos disponíveis está "Como cobrir: Gaza e outros conflitos", que abordou estratégias e diretrizes para jornalistas que querem se especializar no tema. A palestra teve a participação de Sherif Mansour, jornalista especialista em cobertura de conflitos, e foi ministrada pelo repórter freelancer Yan Boechat.

Na trilha de investigação, a mesa do Domingo de Dados "Ferramentas para pequenas ou grandes investigações" contou com a participação de Lucas Maia, jornalista de dados no Projeto CruzaGrafos e diretor da Agência Tatu, e Reinaldo Chaves, coordenador de projetos na Abraji e jornalista freelancer. Eles apresentaram várias fontes e projetos de referência de dados abertos do Brasil e do mundo.

A programação completa do Congresso online pode ser consultada no site www.congresso.abraji.org.br. Para facilitar a busca, use os filtros disponíveis, clique na modalidade online para ver as palestras exclusivas e selecione a opção presencial com transmissão para conferir as atividades que foram transmitidas simultaneamente.

Inscrições

As inscrições para o Congresso Online são feitas no site do Congresso. O valor do ingresso varia de R$ 40 a R$ 100, conforme a categoria do participante. Consulte os preços neste link.

O participante deve assistir a, no mínimo, 70% do conteúdo para conseguir emitir o certificado de participação do Congresso online. O progresso pode ser acompanhado na área Minha Conta.

As aulas estão disponíveis na própria plataforma do Congresso. Para assistir, é só acessar a aba programação e em seguida clicar na atividade de interesse. 


*Créditos da imagem: Sergio Gomes/Oboré
 

Assinatura Abraji