- 29.09
- 2008
- 15:21
- Abraji
Abraji considera atentado à democracia compra maciça de exemplares do Extra no RJ
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Abraji considera um atentado à liberdade de expressão e à democracia brasileira a compra maciça de exemplares do jornal Extra por um grupo de homens armados no Rio de Janeiro.
No último domingo, grupos com homens armados percorreram bancas da Baixada Fluminense e seqüestraram todos os exemplares do jornal Extra, que circulava com a manchete “Deputados em campanha mentem para ganhar salário de R$ 13 mil”.
Os criminosos exigiram que as bancas lhes vendessem todos os exemplares do jornal; os comerciantes que se recusaram a fazê-lo foram ameaçados, tendo de ceder à pressão. Atendendo a interesses que uma investigação relativamente simples poderia desvendar, os criminosos queriam impedir que a notícia chegasse à população.
A ação de grupos criminosos contra a liberdade de imprensa atinge os limites do insuportável no Rio de Janeiro. Os criminosos parecem não conhecer limites para impor sua vontade sobre os direitos mais básicos da sociedade.
Não é a primeira vez que a Abraji alerta sobre a necessidade de uma atuação eficaz das autoridades para pôr fim a essa excrescência. É intolerável que bandos criminosos – de “milícias” ou traficantes – atuem como se fossem um Estado criminoso, impondo suas leis de exceção e desafiando a legalidade e a Constituição brasileira que, que por sinal, está completando 20 anos.
A ação dos criminosos é um repto ao Estado Democrático de Direito - conquistado a duras penas pelos brasileiros – e precisa de uma resposta firme e adequada à gravidade da situação. Das autoridades é de esperar que cumpram o seu papel, investigando e submetendo à Justiça os criminosos. E, mais do que isso, que atuem para chegar à raiz do problema, agindo para eliminar as causas que fomentam o surgimento e sustentam a existência desses bandos armados.
Quanto à sociedade civil, pretendemos animá-la a se manifestar para que o crime não prevaleça sobre a legalidade; que a vontade de criminosos não se sobreponha aos direitos de todos os cidadãos.