Abraji condena ataque contra equipe da Rede Amazônica

Na manhã de 24.jun.2021, o repórter Leandro Marques, correspondente da Rede Amazônica, afiliada da TV Globo, foi agredido e ameaçado por um funcionário da prefeitura de Itacoatiara, a 270 quilômetros de Manaus. O jornalista estava acompanhado do cinegrafista Dorian Verçosa e fazia a cobertura da distribuição do Auxílio Enchente no Centro de Referência da Assistência Social da cidade.

Desde o início da semana, Marques tem acompanhado a entrega dos cartões do benefício estadual voltado às comunidades atingidas pela cheia histórica do Amazonas. Pela natureza do trabalho como jornalista, recebeu denúncias e relatou tumultos e aglomerações nos locais de distribuição, em desrespeito às medidas de segurança relacionadas à covid-19. A subsecretária municipal de assistência social, Silvia Vieira, já havia demonstrado incômodo com a presença da imprensa nesses lugares.

Marques e seu cinegrafista voltaram a cobrir o caso no dia 24.jun.2021. O repórter foi abordado por três homens e um deles, que ocupava o cargo de assessor técnico da prefeitura, o ameaçou: “Vou dizer uma coisa pra ti, se sair uma vírgula, uma vírgula falando mal do prefeito Mario Ibrahim [PSC], se sair uma vírgula, vou pegar-lhe uma surra. Tá bom? Dê o fora daqui”.

Quando perceberam que Leandro Marques estava gravando as intimidações, o mesmo homem, Adevaldo Tavares Alves, deu um tapa no celular do repórter. No vídeo, é possível ouvir alguém dizer: “Se sair alguma foto minha, você está morto”. O repórter ainda levou um soco no estômago e foi expulso do local. Em seguida, registrou um Boletim de Ocorrência por lesão corporal, atentado contra a liberdade do trabalho, ameaça e dano material. 

Embora a prefeitura de Itacoatiara já tenha determinado a exoneração do servidor Adevaldo Tavares Alves e a abertura de uma sindicância para apuração dos fatos, é preciso fazer mais. Os nomes dos outros dois agressores precisam ser informados às autoridades, bem como a relação deles com a prefeitura deve ser esclarecida à sociedade. As hostilidades de gestores locais também precisam ser investigadas e condenadas. 

A Abraji se solidariza com a equipe da Rede Amazônica. A função do jornalista é questionar, apurar e mostrar à população ações que possam colocar vidas em risco. Ameaças de morte e agressões físicas contra jornalistas, condutas criminalizadas pela legislação penal brasileira, constituem graves violações à livre manifestação do pensamento e ao exercício da atividade de comunicação, que são garantias protegidas nos incisos IV e IX do artigo 5º da Constituição Federal. 

Diretoria da Abraji, 25 de junho de 2021.