Abraji cobra o fim do silêncio sobre violência política contra jornalistas
  • 28.11
  • 2022
  • 19:56
  • Abraji

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Abraji cobra o fim do silêncio sobre violência política contra jornalistas

Uma equipe do UOL foi agredida na última sexta-feira (25.nov.22) em Resende (RJ) enquanto fazia uma entrevista com um manifestante dos protestos antidemocráticos que tomaram a frente de quartéis das Forças Armadas em várias cidades do país. Com esse ataque, são 65 episódios de violência política contra jornalistas e comunicadores desde o final das eleições, a maioria deles praticada por cidadãos que pedem intervenção militar contra o resultado da eleição presidencial.

A situação mais grave ocorreu em Rondônia, onde o prédio de um site de notícias foi alvo de um atentado a tiros, que espatifou todos os vidros da fachada (em 12.nov.22), e uma pequena rádio foi incendiada (em 24.nov.22). Os dois veículos de comunicação atingidos em Porto Velho estavam apenas reportando o que estava acontecendo em frente aos quartéis. Apesar do inquérito instaurado e do pedido das organizações como a Abraji e a Fenaj, não foram divulgadas informações, pelas autoridades locais, sobre suspeitos.

Já no caso registrado em Resende, a equipe do UOL estava diante da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) porque o local seria visitado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), no sábado. Enquanto faziam uma entrevista com manifestantes, os jornalistas foram abordados agressivamente por outros integrantes do protesto, que queriam impedir a reportagem. Os repórteres foram ofendidos, agredidos e ameaçados. O celular da repórter foi arrancado de sua mão. A polícia interveio e a equipe teve de ser escoltada porque os manifestantes entraram em seus carros para perseguir o veículo da reportagem. Os jornalistas registraram um boletim de ocorrência por agressão, ameaça e injúria.

A Abraji já recorreu às autoridades locais de todos os 18 estados e do Distrito Federal onde ocorreram as violações contra a liberdade de imprensa. A violência política persiste, no entanto, sem a devida responsabilização e diante de um presidente que se mantém em silêncio. Diante dos quartéis, nas redes sociais e em bloqueios de rodovias, os manifestantes afirmam que se manterão mobilizados pelo menos até a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, em 1 de janeiro. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram manifestantes afirmando que responderão à posse com violência.

A Abraji repudia a violência política e o ataque sistemático ao jornalismo brasileiro, seja por manifestantes anônimos, seja por autoridades políticas ou por expoentes da extrema-direita. E se solidariza com os profissionais agredidos e suas famílias. Lembramos que as ameaças ao jornalismo são uma violência contra toda a sociedade.

 

Diretoria da Abraji, 28 de novembro de 2022.
 

Assinatura Abraji