- 11.07
- 2022
- 21:59
- Abraji
Liberdade de expressão
Abraji assina nota conjunta contra a violência política
Reunidas pelo Pacto Pela Democracia, mais de 70 organizações da sociedade civil divulgaram nesta segunda-feira (11.jul.2022) uma nota de repúdio à violência política que tem escalado nas últimas semanas no país. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) é uma das signatárias do documento, que destaca o assassinato do guarda civil Marcelo Arruda. Na noite de sábado em Foz do Iguaçu (PR), Arruda foi morto pelo policial federal penal Jorge Guaranho, que aos gritos de "Bolsonaro" e "mito" invadiu armado a festa de aniversário da vítima. Arruda, que tinha quatro filhos, festejava com amigos seus 50 anos. A festa tinha temática petista, uma vez que o aniversariante era filiado ao PT havia 30 anos e era dirigente partidário.
"Se não contida imediatamente pelas autoridades competentes e combatida firmemente pelos democratas das mais variadas matizes ideológicas, a violência prejudicará a realização de eleições pacíficas e seguras e afetará a estabilidade social no período pós-eleitoral e a sobrevivência da democracia no Brasil", afirma o documento.
As organizações do Pacto Pela Democracia elencaram os sucessivos episódios violentos que têm atingido o mundo político brasileiro. "Nas últimas semanas acompanhamos com grande preocupação ataques de radicais bolsonaristas contra militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) em comícios políticos; atentados à imprensa, incluindo um tiro contra o escritório da Folha de S.Paulo e ameaças de morte a jornalistas do Congresso em Foco; acompanhamos ainda o ataque contra o carro do juiz que determinou a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. No último sábado (09), a escalada atingiu novos patamares com o assassinato de um militante do PT, durante o seu aniversário, por um policial penal federal."
Para as organizações, esses casos de violência não são fenômenos isolados. "Se inserem em um contexto mais amplo, que vem se agravando ao longo da última década, nutrido desde 2018 por repetidos posicionamentos de Jair Bolsonaro e seus apoiadores. A ampliação da circulação de armas e munições torna ainda mais grave o cenário de radicalização violenta. A apologia à violência armada não deve ser confundida com mero discurso de campanha eleitoral. Nosso país está imerso num cenário marcado pela radicalização da extrema direita, reforçada por uma ampla rede de desinformação e por apoiadores armados. Não se trata de uma disputa entre dois pólos, dois lados de uma mesma moeda. É, sim, o avanço autoritário contra qualquer voz que se oponha a este projeto político extremista", destacam as entidades.