• 02.06
  • 2016
  • 13:04
  • Amanda Ariela

Abraji amplia e diversifica oferta de cursos de jornalismo de dados no Congresso

Nesta edição do Congresso da Abraji, os participantes poderão assistir a mini-cursos de jornalismo de dados que cobrirão desde os passos mais básicos até técnicas avançadas usando técnicas de programação para investigação jornalística. 

As oficinas acontecem durante os 3 dias de Congresso e seguirão uma trilha de aprendizado: as mais básicas estarão no primeiro dia do evento, as que exigem certo conhecimento prévio serão no segundo dia e as avançadas acontecem no último dia de Congresso.

De acordo com Tiago Mali, coordenador de cursos da Abraji, o jornalismo de dados tem se tornado uma tendência Brasil. Aqui, ele ganhou força com o surgimento dos Portais da Transparência, com dados diversos sendo disponibilizados por órgãos públicos na internet e como um desdobramento da Lei de Acesso à Informação (LAI), de 2012. 

“Abrimos um leque de possibilidades para que jornalistas consigam novas informações através da pesquisa em base de dados. Essas bases são como uma mina de ouro para reportagens investigativas que contenham informações relacionadas  a agentes públicos no Executivo, Judiciário e Legislativo. Portanto, ter fluência nas técnicas de jornalismo de dados faz com que o repórter consiga extrair mais informações e compreenda melhor e mais rápido os dados relacionados ao poder público,” afirma Mali, que também é o instrutor do curso on-line de jornalismo de dados da Abraji.

As oficinas mais simples serão as de “Reportagem com Auxílio do Computador (RAC)”. Divididas em dois horários diferentes, a primeira será uma breve introdução ao trabalho com planilhas eletrônicas para organizar dados e extrair rankings, médias e conclusões relevantes a partir de bases públicas. Para realizar a oficina de RAC-1, não é necessário ter nenhum conhecimento prévio. Essa foi uma das oficinas mais populares da décima edição do Congresso da Abraji, no ano passado.

A oficina de RAC-2 será um pouco mais aprofundada e além de consultas à bases públicos, serão ensinados também técnicas de tabulação e entrevista de dados em planilhas eletrônicas.

Mali também ensinará participantes do Congresso  a realizar “Limpeza de Base de Dados com o Open Refine”. O Open Refine é um software especializado que ajuda jornalistas e pesquisadores a consertar bases da dados que estejam defeituosas. Para fazer esta oficina, é recomendado que os participantes já tenham certo conhecimento prévio, que pode ser adquirido ao participar das oficinas de RAC-1 e 2.

Os jornalistas Rodrigo Burgarelli e Daniel Bramatti, do Estadão, Marco Túlio Pires, da Escola de Dados, e Daniel Lima, de O Globo, são conhecidos no Brasil por seus trabalhos com dados e  também irão compartilhar algumas de suas técnicas.

Burgarelli terá como foco técnicas mais avançadas: ele ensinará algumas das principais ferramentas da linguagem SQL, que é utilizada para facilitar a análise de base de dados muito grandes, que outros programas de gerenciamento de planilhas não conseguem aguentar. Essa linguagem é pouco dominada por jornalistas brasileiros e é a primeira vez que duas oficinas de SQL serão apresentadas no Congresso da Abraji, o que permite um aprofundamento no conteúdo. Tiago Mali acredita que esta pode ser uma oficina interessante para quem já participou dos mini-cursos em Congressos anteriores e para quem já fez o curso on-line de jornalismo de dados da Abraji.

Já Daniel Lima ensinará a transformar dados em informação visual de qualidade, utilizando o software Tableau. Recentemente, Lima ganhou destaque internacional pelo uso que faz da ferramenta, sua especialidade. Ele também está entre os 10 melhores em todo o mundo no uso deste software, que é próprio para fazer visualizações de dados.

A oficina ministrada por Marco Túlio Pires, da Escola de Dados ensinará o uso da raspagem de dados para obter informações, sem a utilização de ferramenta de programação e utilizando programas abertos, de forma simplificada.

Na a oficina de “Uso de Mapas em Reportagens”, o jornalista Daniel Bramatti ensinará algumas de suas ferramentas e técnicas. Considerada de nível avançado, é necessário ter um bom nível de conhecimento técnico  anterior para aproveitar a aula.

Tiago Mali também se juntará à coordenadora de pesquisas da ONG Transparência Brasil, Juliana Sakai, para ensinar jornalistas a utilizar a ferramenta Ctrl-X, que permite analisar as ações judiciais que pedem retirada de conteúdo da internet. 

Além dos mini-cursos, o jornalismo de dados também será discutido em outras mesas e painéis do Congresso. Uma delas abordará “O uso de jornalismo de dados na cobertura criminal”, com a presença dos jornalistas Amanda Rossi, Alexandre Hisayasu, Bruno Ribeiro e Felipe Resk, com mediação de Clayton Pascarelli.  

Correlata à trilha de conhecimento dos dados está a apresentação de Paul Myers, da BBC. Myers poderá complementar os conhecimentos anteriores dos participantes das oficinas ao mostrar técnicas avançadas de busca na internet, que são pouco utilizadas, mas que são interessantes e produtivas na apuração jornalística.

“No futuro, ter fluência nas técnicas de jornalismo de dados deixará de ser um diferencial para o jornalista e passará a ser um pré-requisito. As técnicas permitem que você chegue antes de todos na informação desejada,” diz Mali.

 

Assinatura Abraji