“A melhor cobertura é feita nos jornais locais”, diz Eugênio Araújo do jornal O Cruzeiro do Sul

Eugênio Araújo, editor chefe do jornal O Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, e seus repórteres Gustavo Ferrari e Leandro Nogueira falaram sobre a dinâmica do jornalismo no interior de São Paulo na mesa “Jornalismo Investigativo na Imprensa Regional”, durante o congresso da Abraji, em São Paulo.

Eugênio Araújo, que já trabalhou 14 anos na imprensa da capital, no jornal O Estado de São Paulo, falou sobre o surgimento das mídias no interior e as relações com o poder político e econômico: “A imprensa no interior nasce da vontade das elites. Depois, a economia começa a ir para o interior, por conta do inchaço das capitais, e a mesma coisa acontece nos jornais. Hoje em dia, o interior de São Paulo é uma grande força econômica do país”.

Segundo o jornalista, uma das maiores dificuldades de trabalhar no interior é a proximidade com as fontes. “Na imprensa regional, você esbarra com o prefeito na praça durante o final de semana”, disse ao lembrar do dia em que foi interpelado por um político numa padaria.

Para exemplificar alguns problemas, mostrou dois exemplos de jornalismo investigativo através das reportagens de Gustavo Ferrari, sobre um caso de trabalho infantil, e de Leandro Nogueira, sobre um secretário que deu isenção fiscal para a empresa do pai. Os dois casos tiveram resultados positivos: no primeiro, as crianças deixaram de trabalhar nas ruas e receberam ajuda de munícipes, e no segundo, o secretário denunciado foi afastado da prefeitura.

Ao final dos debates, o jornalista Eugênio Araújo reforçou que é preciso trabalhar para publicar as reportagens, acima das pressões editoriais: “Todos os jornais tem seu limite de atuação. Se o jornal não publicar aqui (no interior), alguém vai publicar, e vice-versa.”