• 26.10
  • 2016
  • 13:40
  • Amanda Ariela

5ª Roda de Conversa com os vencedores do Prêmio Vladimir Herzog tem reflexões acerca do jornalismo

Uma jornada de barco com seis horas de duração, uma charge desenhada em cinco minutos, um programa inteiro produzido em quatro dias e três ou quatro meses de apuração jornalística. Essas foram algumas das aventuras enfrentadas pelos jornalistas vencedores do Prêmio Vladimir Herzog de 2016 para produzir os trabalhos premiados. 

Em uma roda de conversa informal ontem, no Tucarena, mediada pelos jornalistas Angelina Nunes e Paulo Oliveira, 12 dos vencedores do 38º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos compartilharam com o público os bastidores da produção de suas reportagens.

Thais Borges, repórter do jornal baiano O Correio, recebeu o prêmio pela reportagem multimídia “O Silêncio das Inocentes”, que narra a história de mulheres vítimas de abusos sexuais. “Pedimos a outras jornalistas da redação que lessem em voz alta alguns dos depoimentos que recebemos. Os áudios tocam em loop assim que a página é aberta, para lembrar que a história é delas e sobre elas,” conta.

Durante o processo de apuração, Thais e a equipe do O Correio acabaram descobrindo que não era preciso ir muito longe para encontrar depoimentos de mulheres que sofreram estupros. “Em algumas entrevistas, não era necessário conduzir e realizar perguntas. Depois do primeiro questionamento, as entrevistadas começavam a falar e só terminavam depois de contar toda sua história,” diz Thais.

O chargista Brum conta que um de seus receios, ao produzir uma charge que abordava a cultura do estupro, era que o traço de seus desenhos acabasse infantilizando o tema. “Acabei mudando um pouco o traço para essa charge, não pintei o desenho e coloquei o sangue em um lugar específico, que deixasse claro o assunto abordado,” afirma. 

Ao exibir a charge para os colegas de redação, Brum conta ainda que escutou de uma colega: “Hoje o Brum não quer fazer ninguém rir, quer fazer todo mundo chorar”. 

Michelle Trombelli, da Rádio BandNews, produziu uma reportagem sobre os 10 anos da Lei Maria da Penha. A reportagem estava prevista para agosto, mas, com os Jogos Olímpicos, foi adiantada para março. “Eu acreditava que teria meses para poder apurar, mas acabei tendo um período menor,” conta Michelle.

Para marcar o aniversário da lei, Michelle queria entrevistar mulheres por todo o país e utilizou o Whatsapp como ferramenta. “A qualidade do áudio era boa, eu só pedia para que a pessoa respondesse em um local silencioso. Outra vantagem era que, por ser um tema sensível, o entrevistado poderia responder às perguntas no seu tempo, sem ser apressado,” afirma.

A Roda de Conversa, “uma aula de jornalismo que passa por todas as etapas da produção de uma reportagem, como a pauta, edição, apuração e até design,” segundo Angelina Nunes, mediadora da conversa, está disponível neste link.

 

 

Assinatura Abraji