- 26.06
- 2018
- 13:20
- Rafael Oliveira
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13o Congresso vai debater o valor da diversidade para o jornalismo
A diversidade está na pauta dos três dias do 13o Congresso da Abraji, em diferentes formatos.
Na quinta-feira (28.jun.2018), editores com experiência na gestão com diversidade vão contar como formaram suas equipes e por que acreditam que redação mais diversa produz jornalismo de mais qualidade. A mesa O desafio da diversidade nas redações e no jornalismo acontecerá das 9h às 10h30 e contará com Ancelmo Góis (O Globo), Simone Cunha (Énois) e Daniela Falcão (Globo Condé Nast). A moderação ficará por conta de Daniel Brunet, também do Globo.
Segundo Brunet, as redações já avançaram quando o tema é gênero e orientação sexual, mas ainda engatinham na questão de cor. “O problema é do sistema educacional e da própria sociedade. Os negros ainda enfrentam dificuldade para chegar à universidade. Na minha turma de faculdade se formaram 60 pessoas, 10% eram negros. Se o negro não chega à faculdade, ele não entra na Redação como jornalista”, aponta.
Para ele, a grande importância da diversidade é a variedade de pensamentos que isso proporciona. “Ter acesso a opiniões distintas enriquece qualquer debate, auxilia muito na apuração. Quando se tem a chance de consultar colegas de trabalho que têm trajetória e conhecimento diferentes, você reduz a chance de cometer um erro, uma injustiça em determinado tema”, diz o moderador.
Na sexta-feira, o jornalista Marcelo Moreira (TV Globo/Abraji) conversa com a repórter Nikole Hannah-Jones, do New York Times, no painel Cobrindo gênero e raça: o que podemos aprender com o NYTimes. Em sessão plenária, das 16h às 17h30, a jornalista falará sobre como cobrir os temas de forma responsável e sem estigmas, e detalhará algumas coberturas como as do #MeToo, que investigou assédio sexual na indústria de cinema americana, e do Black Lives Matter, movimento social que, há dois anos, fez a comunidade negra americana se insurgir contra a violência policial contra negros.
No sábado, o foco é a presença das mulheres no jornalismo. O painel Mulheres nas redações: caminhos para a igualdade de gênero terá Maiá Menezes, editora de País de O Globo e diretora da Abraji, Natália Mazotte, co-fundadora da Gênero e Número e diretora executiva da Open Knowledge Brasil, e Marta Gleich, diretora de redação do Zero Hora. A moderação da palestra, que ocorrerá das 14h às 15h30, é de Julia Duailibi, da Globo News.
Segundo Mazotte, que coordenou a pesquisa “Mulheres no Jornalismo Brasileiro”, um dos desafios é tornar o ambiente das redações menos tóxico. “Ainda há uma cultura de ‘oficina mecânica’. Acontecem muitas piadas sexistas, e ainda há quem ache que mulheres podem ter vantagem em entrevistas por ser mulher”, aponta a jornalista.
Para ela, a diminuição dos recursos e a redução das equipes torna ainda mais difícil conciliar vida pessoal e profissional. “As redações ainda não estimulam a participação feminina em alguns temas. É um ambiente que ainda repele as mulheres. Não tem horários fixos, não acolhe quem tem filhos”, explica.
O estudo coordenado por Mazotte e realizado pela Abraji e pela Gênero e Número em parceria com o Google News Lab propõe uma série de recomendações para a chefia das redações. Entre elas está o monitoramento da igualdade de oportunidades, a criação de um canal de denúncias e a realização de treinamentos e cartilhas internas. “Jornais como o New York Times e outros já contam com editorias de gênero. É importante a desigualdade de gênero ser considerada pauta relevante nos jornais. Além disso, é preciso melhorar o ambiente e a cobertura, equilibrando as visões em todas as editorias”, aponta a jornalista.
Serviço
13º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo
Universidade Anhembi Morumbi
Rua Casa do Ator, 275, Vila Olímpia – São Paulo, SP
28, 29 e 30 de junho de 2018
congresso.abraji.org.br