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10 anos da Abraji é tema de palestra na PUC-Rio

 

Publicado em 19 de novembro de 2012, em Câmera Oculta

 

 

O evento para celebrar os 10 anos da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) será só no dia 10 de dezembro, mas a PUC-Rio adiantou um pouco as comemorações e trouxe ao campus o presidente da associação e editor-chefe do RJTV 2ª Edição, Marcelo Moreira. O jornalista participou da palestra Dez anos de existência da Abraji: possíveis caminhos para o jornalismo, no último dia 13, mediada pelo coordenador do curso de Comunicação social da PUC-Rio, Leonel Aguiar.

O surgimento da associação, os desafios da profissão e o futuro do jornalismo investigativo foram alguns dos assuntos discutidos no encontro. Moreira contou que a morte do jornalista Tim Lopes – assassinado por traficantes do complexo do alemão enquanto realizava uma matéria de denúncia sobre a exploração sexual de menores em bailes funk da Vila Cruzeiro – foi o estopim para a criação da Abraji.

– O efeito que a morte do Tim causou foi muito grande. Isso não acontecia antes, não era normal um jornalista ser assassinado no exercício da profissão. A gente percebeu que se algo não fosse feito o Brasil caminharia para a banalização da morte dos jornalistas. E quando isso acontece o jornalismo perde sua função, pois o jornalista se autocensura, lembrou.

O jornalista lembrou que, na época, ele e uns colegas organizaram a “Comissão Tim Lopes” para tentar terminar a matéria do amigo, a exemplo do Investigative Reporters and Editors (IRE), do Arizona (Conheça), mas não conseguiram concluir e matéria e começaram a cobrar das autoridades para que esse crime não ficasse impune.

Sobre o jornalismo investigativo, Moreira afirmou que não é somente escrever uma matéria, contar uma história. “O jornalismo investigativo precisa de um trabalho mais preciso. É descobrir uma história e não apenas escrevê-la”. O jornalista também falou sobre o futuro desse tipo de reportagem.

– Hoje, é mais difícil fazer jornalismo investigativo por causa do imediatismo que a profissão exige e por causa do custo desse tipo de reportagem. É difícil seu chefe te liberar por dois meses da redação para uma matéria. Mas, eu acredito que o jornalismo investigativo nunca deixará de existir nas redações, pois é o que dá credibilidade, respeito ao jornal, afirmou.

Moreira também contou sobre os preparativos para a 8ª edição do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo que acontecerá entre os dias 12 e 15 de outro de 2013, na PUC-Rio. Promovido anualmente pela Abraji, o evento agregará também o Congresso Global de Jornalismo Investigativo (em inglês, Global Investigative Journalism Conference - GIJC), que, pela primeira vez, será realizado fora da Europa. O objetivo é promover a troca de experiências sobre investigações realizadas por repórteres de vários países.

Por fim, Moreira ressaltou que responsabilidade social, ética, correção e técnica são características essenciais para o bom jornalismo. O jornalista lembrou, também, que o risco é inerente a profissão e que o jornalista precisa avaliar o que é importante. “Só vale a pena correr o risco por algo que realmente vale a pena”.

 

Assinatura Abraji