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6 dicas para lidar com ataques virtuais contra jornalistas
Publicado originalmente em inglês no site do GIJN. Traduzido por Natália Silva.
Qualquer jornalista que tenha sofrido ataques ou assédio na internet sabe o quão assustadora e solitária pode ser a experiência. Mas as redações estão prestando cada vez mais atenção no apoio que os jornalistas precisam para lidar com o crescente abuso on-line.
Durante a 11ª Conferência Global de Jornalismo Investigativo, especialistas em segurança digital compartilharam técnicas que as redações podem implementar em todo o mundo.
Para Glenda Gloria, editora-gerente do Rappler, membro da GIJN e site de mídia on-line nas Filipinas que foi atacado por governos e trolls, combater a desinformação sobre jornalistas é tão importante para os leitores quanto para sua equipe.
"Mesmo se você não quiser desmentir uma informação, você ainda precisa fazer isso pelo bem do seu público-alvo", disse Gloria. "Quando o jornalismo está sitiado, você precisa manter o seu núcleo."
O International Press Institute (IPI), com sede em Viena, descobriu que muitas redações não têm departamentos dedicados para ajudar jornalistas a lidar com ataques, de acordo com o vice-diretor da organização, Scott Griffen. Mas mesmo sem um departamento de segurança, existem certas medidas que qualquer gerente de redação pode dar para apoiar os repórteres, disse Jason Reich, que lidera a segurança corporativa do New York Times.
"As ferramentas para avaliação de risco já estão disponíveis", disse Reich.
A seguir, o que as redações devem fazer para garantir que os jornalistas possam fazer seu trabalho sem se censurarem - ou sofrer as consequências psicológicas dos ataques on-line.
Encoraje relatos
As redações devem construir uma cultura de apoio que permita aos jornalistas denunciar ataques facilmente, disse Griffen. E essa cultura deve ser construída de cima para baixo - por exemplo, com editores levantando questões de segurança durante as reuniões editoriais. "Você precisa de uma gerência que entenda que isso é um problema e diga: 'Vamos apoiar nossos jornalistas'", observou Griffen. Ele acrescentou que é importante que a gerência garanta que todos na redação saibam quais as medidas a serem tomadas quando um jornalista é atacado on-line.
Mantenha as ameaças registradas
Os jornalistas não devem armazenar materiais que possam ser perturbadores, disse Reich, mas os gerentes de redação devem manter arquivos sobre as ameaças que os jornalistas receberam. Isso lhes permite acompanhar potenciais padrões e agressores recorrentes sem expor os repórteres a outros traumas.
Desmascare as mentiras
Quando circulam mentiras sobre jornalistas, pode ser tentador ignorá-los sob o mantra "não alimente os trolls". Mas Gloria disse que o Rappler tomou a decisão de desmascarar as informações falsas postadas sobre seus jornalistas. Ela deu o exemplo de uma jornalista do veículo, Pia Ranada, que foi submetida a uma campanha de mentiras particularmente cruel. Por um tempo, disse Gloria, a primeira página dos resultados do Google para o nome de Ranada foi composta inteiramente de falsas alegações. Agora, os primeiros resultados são sobre ataques à liberdade de imprensa.
Faça sua própria pesquisa
Em um ambiente como as Filipinas, onde os ataques à mídia independente são estimulados pelas palavras e ações de seu presidente, Gloria disse que o Rappler teve que fazer sua própria pesquisa sobre quem estava atacando seus jornalistas. A redação reuniu um arquivo de 40.000 contas falsas conhecidas como "tanque de tubarões" para acompanhar as campanhas de desinformação contra o veículo.
Forme grupos de apoio
Reich e Griffen enfatizaram a importância de grupos de pares onde os jornalistas possam discutir ameaças contra eles. Ambos citaram a Reuters Peer Network como um exemplo de melhores práticas nesse campo, embora algo tão simples quanto um grupo do WhatsApp possa ser suficiente para algumas redações. Griffen disse que mesmo os jornalistas que não estão enfrentando abuso on-line devem se unir às redes de colegas para fornecer suporte aos colegas que estão.
Leve o gênero em conta
A pesquisa do IPI sobre os protocolos de segurança da redação encontrou concordância universal “não apenas que as jornalistas são alvo mais frequentemente de ataques on-line, mas também que os ataques sofridos por mulheres são especialmente cruéis e muitas vezes altamente sexualizados”. No caso de Rappler, Gloria lembrou que a redação era 60% feminina e liderada por uma mulher, Maria Ressa. Não foi coincidência, disse Gloria, levando em conta a quantidade de assédio que a organização sofreu.
Hannah Storm, diretora da Ethical Journalism Network do Reino Unido, acrescentou da audiência que as redações precisam compreender as ameaças únicas que as mulheres enfrentam e levar isso em conta ao desenvolver seus protocolos de segurança. Isso inclui nomear mulheres como chefes de segurança nas redações, o que, segundo ela, ainda é incomum no setor.
Megan Clement é jornalista e editora especializada em gênero, direitos humanos, desenvolvimento internacional e política social. Ela também escreve sobre Paris, onde vive desde 2015.