Já estão abertas as inscrições para a terceira edição do Curso On-line de Investigação de Empresas da Abraji. O treinamento ensina a identificar, analisar e usar em reportagens investigativas uma série de informações escondidas nas demonstrações financeiras de empresas, partidos, clubes de futebol e outras entidades. Traduzindo o jargão da contabilidade, habilitará o jornalista a descobrir dentro dos balanços detalhes que as instituições gostariam de ocultar, mas são obrigadas por lei a divulgar.
O curso começa em 14 de janeiro e tem vagas limitadas. O investimento é de R$ 120 para os associados da Abraji e de R$ 150 para os demais participantes. Não é necessário conhecimento prévio na área econômica ou de contabilidade.
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O curso tem quatro módulos de uma semana, cada um com vídeo-aulas e série de exercícios que os alunos podem acessar pela web de acordo com a sua disponibilidade, além do acompanhamento do instrutor, o mestre em contabilidade e jornalista do Valor Econômico Fernando Torres. Os exercícios devem ser entregues ao final de cada semana.
Além de mostrar como identificar informações sobre as finanças de uma instituição, o curso ensinará, por exemplo, a usar os balanços para descobrir se uma empresa está envolvida em processos trabalhistas; se fez empréstimos (de quem e com qual o custo); se faz manobras para pagar menos impostos e até encontrar informações em relação a remuneração de seus principais executivos, entre outros dados que podem render boas pautas.
“As demonstrações financeiras são a prestação de contas de uma empresa para seus acionistas, credores, empregados, clientes e fornecedores. Mostram o que a entidade tem a receber, o que deve pagar, para quem devem pagar e a situação do quadro funcional, financeiro e patrimonial. É uma espécie de foto, uma imagem do negócio naquele determinado momento”, afirma Torres. De acordo com a Lei 6.404/76, as empresas na categoria S/A são obrigadas a divulgar seus balanços anualmente, no Diário Oficial da cidade onde estão sediadas ou em jornal de grande circulação. Empresas com ações na Bolsa de Valores ou com registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), devem divulgar essas informações trimestralmente.
Segundo Torres, encontrar e saber ler os balanços financeiros permite ao jornalista conhecer a real situação econômica e o desempenho de determinada entidade. "Através dos balanços, podemos saber se a empresa ou o partido teve um período bom ou ruim, a qualidade e os motivos desses resultados," complementa. Para além da área econômica, Torres afirma que saber ler balanço financeiro é útil em várias outras editorias, que podem investigar, por exemplo, balanços de clubes de futebol ou de entidades ligadas ao governo. “Nos balanços do BNDES de 2012 e 2013, já era possível observar as chamadas pedaladas fiscais, o que interessa para a área de política”, diz. Para o instrutor, se mais pessoas soubessem interpretar corretamente os balanços das entidades, mais informações de interesse público viriam à tona.
Os participantes do curso aprenderão sobre as entidades obrigadas a divulgar essas informações, como fazer análise de seu desempenho por meio desses dados e como explicá-los sem cair em armadilhas. O curso também ensinará a encontrar informações sobre os processos fiscais, cíveis e trabalhistas que essas entidades respondem, além de traduzir termos contábeis muito utilizados nesses balanços, como "ativo" e "passivo". Os demonstrativos obrigatórios de partidos políticos são um pouco diferentes, mas também serão abordados no curso. Qual a fonte de suas receitas? Quais são seus gastos com pessoal, campanhas, assessoria de imprensa e viagens? Essas serão perguntas que os participantes saberão responder após o treinamento.
O curso capacitará os jornalistas a identificar dentro dos balanços informações para matérias investigativas como a das pedaladas do governo de São Paulo no Metrô. Na reportagem, do Valor Econômico, Fernando Torres mostrou que a empresa tinha R$ 332 milhões a receber do Governo do Estado e como o executivo deu calote na dívida.
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