- 29.09
- 2021
- 11:34
- Abraji
Liberdade de expressão
Autoridades tentaram interferir na investigação do sequestro de jornalista em RR
foto: Reprodução/Facebook
Delegados e um deputado estadual tentaram interferir, em novembro de 2020, nas investigações sobre tortura e sequestro do jornalista Romano dos Anjos, ocorridos em out.2020. A revelação foi feita pelo site G1 em 25.set.2021 por meio de duas reportagens.
A primeira trata do depoimento formal que o presidente da Assembleia Legislativa, Soldado Sampaio, fez ao Ministério Público de Roraima (MPRR). Na ocasião, ele afirmou que o governador Antônio Denarium teria sido ameaçado pelo deputado Jalser Renier. O objetivo da ameaça seria barrar a investigação do sequestro de Romano.
Já a segunda reportagem revelou uma representação feita pelo delegado João Luiz Evangelista em que afirma ter havido tentativa de interferência nas investigações por parte de Herbert Cardoso, delegado-geral da Polícia Civil, e de Eduardo Wayner, delegado-geral adjunto. Eles estiveram na Secretaria de Segurança Pública e conversaram com o secretário de Segurança, Edison Prola.
Em resposta à Abraji, por meio de notas, tanto o delegado João Luiz Evangelista, como o governo de Roraima confirmaram o conteúdo das matérias do G1.
Apesar das tentativas, as investigações continuaram e, em 16. set.2021, uma ação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Secretaria de Segurança Pública cumpriu sete mandados de prisão e 14 ordens de busca e apreensão na capital de Roraima, Boa Vista. Seis dos mandados foram contra policiais militares, entre eles um coronel e um major.
Os mandados de prisão foram contra Paulo Cesar de Lima Gomes (coronel aposentado da PM), Vilson Carlos Pereira Araújo (major da PM), Nadson José Carvalho Nunes (subtenente da PM), Clóvis Romero Magalhães Souza (subtenente da PM), Gregory Thomaz Brashe Júnior (sargento da PM), Thiago de Oliveira Cavalcante Teles (soldado da PM) e Luciano Benedito Valério (ex-servidor da Assembleia Legislativa).
A operação Pulitzer mobilizou cerca de 100 agentes públicos, incluindo PMs, policiais civis, e membros e servidores do Ministério Público de Roraima. Pulitzer é o nome de um dos mais prestigiados prêmios de jornalismo do mundo.