Vereadores são suspeitos de serem mandantes de tentativa de assassinato contra radialista
  • 03.09
  • 2018
  • 11:02
  • Rafael Oliveira

Liberdade de expressão

Vereadores são suspeitos de serem mandantes de tentativa de assassinato contra radialista

Três vereadores de Governador Jorge Teixeira (RO) foram presos em 30.jul.2018 suspeitos de terem mandado matar o radialista Hamilton Alves. Além da tentativa de homicídio, ocorrida em abril deste ano, eles são acusados de crimes contra a administração pública da cidade, que fica a 270km da capital Porto Velho. Alves relatava as irregularidades pelas quais os políticos são investigados em seu programa “Abrindo o Jogo”, na Rádio Nova Jaru. Há indícios de que a tentativa de matá-lo foi uma retaliação ao seu trabalho jornalístico.

Antônio Marcos Diógenes Cavalcante (PRP), Neusa de Almeida Santos (PDT), Eranides Pereira de Santana (PT) e outras sete pessoas foram detidas no âmbito de operação homônima ao programa do radialista, deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO). Além da tentativa de assassinato, eles são suspeitos de fraudar licitações do transporte escolar do município e acusados de peculato, corrupção e associação criminosa.

Cavalcante e Santos permanecem presos; a vereadora, em prisão domiciliar. Na operação, foram expedidos outros oito mandados de prisão, além de 15 de busca e apreensão. Entre os acusados estão dois filhos de Santos, funcionários da prefeitura e empresários da região.

Hamilton Alves foi vítima de uma emboscada na BR-364 em 20.abr.2018. O radialista dirigia entre as cidades de Jaru e Ouro Preto do Oeste e foi atingido por cinco dos oito tiros disparados contra seu carro. Dois homens em uma moto foram os autores da tentativa de assassinato. Alves arrastou-se da ribanceira até a estrada, e foi socorrido por um policial e por médicos que passavam pela rodovia.

Com 28 anos de profissão, o radialista está há cinco à frente do “Abrindo o Jogo”. No programa, Alves repercute reclamações de cidadãos e reporta casos de corrupção no município, que tem cerca de dez mil habitantes. 

Para o promotor Fábio Casaril, a cargo da denúncia contra os vereadores e o restante do grupo, não há dúvidas de que a tentativa de homicídio tem relação com a atividade profissional do radialista. Segundo Casaril, as investigações prosseguem em sigilo e devem ser concluídas ainda em agosto.

Após o atentado, Alves passou 30 dias em Porto Velho, recuperando-se das lesões. Logo em seguida retornou a Governador Jorge Teixeira e deu continuidade a seu programa, mantendo a sua linha de atuação. Desde que voltou, o radialista anda acompanhado de um segurança particular e evita sair à noite. Alves afirma que o verdadeiro mandante do crime está solto e que continua recebendo ameaças com frequência.

Ele reclama da ausência de proteção do Estado: “eu gostaria que meu caso tivesse mais repercussão. Vários companheiros da região passam por situação semelhante, e nós não temos apoio nenhum do governo”, afirma. Apesar disso, Alves não pretende interromper sua atividade jornalística. “Se eu parar, quem é que vai fazer? Ninguém vai ter coragem de fazer”, diz. 

Com informações de Amazônia Real, Rondônia Agora e G1

Assinatura Abraji