• 23.05
  • 2012
  • 12:42
  • Karin Salomao

Reportagens especiais e cobertura multiplataforma no Congresso da Abraji

Algumas empresas de comunicação estão quebrando as antigas barreiras entre rádio, televisão, jornal impresso e revista e fazendo coberturas em diversas plataformas, simultaneamente. Alguns jornais, como O Globo, a Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo produzem conteúdo especialmente para ser lançado em mais de um suporte. Os profissionais por trás dessas coberturas estarão no 7° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo para falar sobre o jornalismo de qualidade multiplataforma.

Ascanio Seleme, diretor de redação de O Globo, apresentará O Globo a Mais, aplicativo do jornal para iPad. A revista vespertina para tablet traz informações exclusivas, em formato de vídeo, gráficos, galeria de fotos, áudio e uma diagramação desenvolvida para melhorar a navegação pelo conteúdo nessa tela. Lançada em fevereiro, essa revista fez o tempo de leitura diária do jornal triplicar: saltou de de uma média de 26 minutos para 77 minutos. 

Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha de S.Paulo, estará no mesmo painel para falar sobre os desafios da transição de uma para múltiplas plataformas. Entre as iniciativas da Folha está a TV Folha, programa exibido aos domingos na TV Cultura e que também é transmitido ao vivo pelo site da Folha.com.

A colunista Miriam Leitão também estará no Congresso da Abraji para falar sobre a reportagem “Uma história inacabada – o caso Rubens Paiva”, exibida como programa especial na Globo News, publicada no jornal O Globo, com versão para o vespertino Globo a Mais e galerias de fotos exclusivas para o site Globo.Com. Durante dois meses, Míriam e seu colega Claudio Renato pesquisaram o passado do deputado Rubens Paiva, um dos mais de 150 desaparecidos políticos cuja história a Comissão da Verdade pretende investigar. 

“O país tomou a decisão de olhar esse problema de frente”, diz Miriam. “Então, assim que a comissão foi aprovada, achamos que isso seria uma pauta que valeria a pena”. Foi preciso “muito trabalho, muito suor e muita união da equipe” para que o resultado aparecesse. Durante dois meses, ela e Claudio Renato usaram todos os fins de semana livres na apuração. E “deu um livro! Percebemos que tínhamos uma quantidade enorme de material.” Isso permitiu fazer abordagens com nuances diferentes para cada plataforma: o impresso trouxe informações exclusivas e que não couberam no especial da Globo News, e para O Globo a Mais Miriam fez um vídeo em que conta como foi a cobertura. Ainda que com um resultado tão diversificado, a jornalista conta que o processo de apuração da reportagem foi o mesmo. Para ela, apurar é coletar o maior número de informações possível.

Ao contrário de Miriam Leitão, o repórter de O Estado de S.Paulo Lourival Sant´Anna acredita que a apuração muda conforme a plataforma. Em vez de usar apenas uma caneta e um bloquinho para anotar as entrevistas e acontecimentos, Sant´Anna conta que tem de gravar todo o material necessário para uma reportagem. Ao chegar ao hotel, assiste a todos os vídeos para só então começar a escrever. Durante a cobertura em áreas de conflito armado descobriu também que correr e gravar com uma câmera pequena é muito mais fácil do que correr e escrever.

No painel “Primavera Árabe - cobertura multiplataforma”, o repórter do Estadão relata a cobertura do movimento que se espalhou pelo norte da África e Oriente Médio. O jornalista produziu ao mesmo tempo reportagens escritas, vídeos, comentários para rádio e tuítes sobre os acontecimentos na região. Embora não veja grande diferença no seu trabalho desde que começou a cobrir a área internacional (“deixo de cobrir só para o jornal e faço vídeos e colunas no rádio”), Lourival admite: a cobertura pelo Twitter e a divulgação dos vídeos no Youtube e nas redes sociais alcançam uma audiência bem maior do que apenas a publicação no jornal impresso.

 

Assinatura Abraji