• 23.11
  • 2011
  • 08:02
  • Fernando Diniz

ProPublica cria arquivo próprio para jornalismo investigativo

Publicado em 22 de novembro de 2011 no site do MediaOn

Contratar repórteres originais e criar uma base de dados própria foram dois diferenciais implantados pelo site de jornalismo investigativo ProPublica, o primeiro portal de notícias da internet a vencer um Prêmio Pulitzer. Palestrante da abertura do MediaOn 2011, em São Paulo, o editor-executivo Stephen Engelberg exaltou a postura clássica de seus repórteres para levantar histórias.

“Nosso objetivo era contratar jornalistas que encontrassem lides e fontes originais. Encontrar coisas que nunca ouvimos falar. Também queríamos que os repórteres não mandassem e-mails para as fontes, mas que as encontrassem e falassem pessoalmente com elas”, disse o editor, que conta com uma equipe de 18 repórteres. Ele foi entrevistado por Fernando Rodrigues, repórter e colunista da Folha de S. Paulo.

“E por que não colocamos essas 18 pessoas trabalhando de casa, de pijamas? Isso é muito comum agora nos Estados Unidos. Queríamos criar uma identidade na ProPublica e por isso reunimos todos em uma redação.”

Outro destaque da conduta jornalística do ProPublica é criar uma espécie de arquivo próprio. “Nos Estados Unidos é comum que jornalistas coletem dados de bancos de dados do governo, mas nós pretendíamos coletar dados para criar nosso próprio arquivo”, disse.

Engelberg chamou a atenção do financiamento do ProPublica, que tem uma receita baseada em filantropia, sem anunciantes. O objetivo, segundo ele, é fazer um verdadeiro jornalismo público.

Investigações


“Tínhamos uma ideia do que queríamos fazer. Não faremos jornalismo investigativo de qualquer tipo, queríamos fazer jornalismo investigativo que traga mudanças. Não queríamos contar boas histórias ou grandes histórias, mas ir atrás de histórias que não eram investigadas”, sintetiza Engelberg.

Irregularidades no sistema de saúde americano e a relação entre médicos e as indústrias farmacêuticas foram dois projetos do ProPublica que receberam destaque na palestra de Engelberg. Um deles investigou a conduta de enfermeiras de hospitais americanos. O resultado: histórias de profissionais de saúde que maltratavam pacientes ou que roubavam medicamentos, aplicando placebos nos doentes.

A outra investigação resultou em um aplicativo de iPhone. “Você coloca o nome do médico lá e descobre o quanto de dinheiro ele ganhou com companhias farmacêuticas”, disse. Segundo o jornalista, é prática das grandes farmacêuticas em financiar palestras de médicos americanos, provocando suspeição na conduta dos profissionais.

Assinatura Abraji