• 26.04
  • 2012
  • 10:32
  • Karin Salomao

Frank Smyth dividirá sua experiência e dicas para proteção de jornalistas no 7o Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Em palestra no 7o Congresso de Jornalismo Investigativo, Frank Smyth, fundador da Global Journalist Security, falará sobre sua experiência em cobertura de áreas de guerra e dará conselhos e dicas para a proteção dos jornalistas que se embrenham em situações das mais perigosas para conseguir a melhor história. Sua palestra, “Medidas de proteção para jornalistas em coberturas de conflito armado ”, será na 5a feira, dia 12 de julho, às 9h.  À mesa também estarão os palestrantes Marcelo Moreira (TV Globo/Abraji), João Paulo Charleaux (Conectas Direitos Humanos) e Rodney Pinder (International News Safety Institute/Inglaterra).

A Global Journalist Security oferece treinamento a jornalistas e defensores de direitos humanos para ajudá-los a passar pelos desafios de um mundo em mudança. O treinamento não cobre apenas protocolos militares, mas também situações de agressão sexual, segurança da informação digital, segurança ao cobrir o crime organizado, agitação civil, riscos de combate, primeiros socorros e apoio psicológico.

O fundador e diretor executivo da GJS é um jornalista veterano. Frank Smyth cobriu diversos conflitos armados, crime organizado e abusos de direitos humanos em El Salvador, Guatemala, Cuba, Colômbia, Ruanda, Uganda, Eritreia, Sudão, Jordão e Iraque, onde, em 1991, ficou preso por 18 dias. No decorrer dos anos 90, foi investigador de tráfico de armas para a Human Rights Watch. 

Mas não foi apenas sua experiência em cobertura de conflitos armados que o levou a criar o Global Journalist Security. Foi também sua experiência de investigação jornalística em temas como tráfico de armas em Ruanda, antes do genocídio da nação africana em 1994, e tráfico de drogas envolvendo militares aposentados na Guatemala.

Seu trabalho em questões de segurança para jornalistas no Comitê para Proteção de Jornalistas, onde ainda é conselheiro, e na diretoria do International News Safety Institute também foram importantes. “Eu estabeleci o GJS para fornecer um treinamento adaptado, para desenvolver habilidades como vigilância, conscientização para a segurança pessoal, segurança digital e base psicológica para tratar com ameaças de morte”. 

De acordo com ele, aproximadamente três em cada quatro jornalistas mortos ao redor do mundo são assassinados. Um jornalista é assassinado em algum lugar do globo a cada 11 dias. Ou seja, jornalistas em países como México, Paquistão e Rússia enfrentam mais riscos que jornalistas em combate. Sobre a situação no Brasil, ele lembra a morte do cinegrafista Gelson Domingos da Silva, morto em tiroteio entre a polícia e traficantes. Até mesmo em zonas de guerra, como Iraque e Afeganistão, mais jornalistas foram assassinados que mortos em combate. Por isso, preparar os jornalistas para perigos em áreas de guerra, com minas terrestres ou outras armadilhas, poderia ajudá-los na cobertura em locais como Afeganistão ou República Democrática do Congo. “Porém, o que jornalistas na maioria das nações precisa hoje é um conjunto diferente de habilidades. Habilidades elaboradas pelas melhores fontes, que incluam protocolos tanto civis quanto militares”, diz Smyth. 

“Eu sei como é estar ameaçado, baleado, preso, detido, interrogado, e eu sobrevivi a tais experiências em diversos continentes. Sei como é perder pessoas que você admira e ama para a violência humana”, lamenta ele. Por isso, se dedica em seu trabalho a passar dicas e treinamentos para a proteção de jornalistas ao redor do mundo. 

Na sua opinião, as situações de maior risco para o jornalista são tentar documentar o abuso de poder em nações onde o assassinato de jornalistas segue impune. De acordo com o relatório do Impunity index, do Comitê de Proteção ao Jornalista, o Brasil está em 11° lugar no índice de impunidade de crimes contra jornalistas.

O conselho que Frank Smyth dá aos jornalistas que querem cobrir áreas de risco é “calcule cada passo. Reavalie a situação e pense que você pode estar errado [ao aceitar o risco por uma boa história]. E faça todo o possível para ser responsável por sua própria segurança”.

 

 

7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Quando: 12, 13 e 14 de julho de 2012

Onde: São Paulo - Universidade Anhembi Morumbi - campus Vila Olímpia - unidade 7 (Rua Casa do Ator, 275)

Inscrições: http://bit.ly/7Congresso

 

 

Assinatura Abraji