• 30.05
  • 2012
  • 11:26
  • Karin Salomao

7º Congresso de Jornalismo Investigativo apresenta exemplo africano de cobertura da Copa do Mundo

Durante o 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, os profissionais brasileiros envolvidos na cobertura da Copa do Mundo e Olimpíada podem se inspirar no caso africano de jornalismo investigativo. Charles Rukuni, jornalista do Zimbábue e editor do FAIR (Fórum de Repórteres Investigativos Africanos), estará presente na mesa “FAIR – Desvendado o futebol na África”. O FAIR produziu, para a Copa do Mundo de 2010,  um livro, “Killing Soccer in Africa”, fruto de uma investigação transnacional sobre os casos de corrupção dos clubes e governos.  Rukuni falará sobre os desafios, dificuldades e resultados desse trabalho.

O FAIR é uma associação profissional de jornalismo investigativo na África. Atualmente, tem mais de 200 membros de 23 países africanos. A sede é em Johannesburgo, na África do Sul. Além de promover uma rede de contatos para seus membros, o FAIR já publicou até agora quatro investigações transnacionais, entre elas o livro “Killing Soccer in Africa”.

Além de uma investigação transnacional, “Killing Soccer” foi também um Projeto Arizona (quando um grupo de jornalistas tomam o lugar de um profissional morto ou censurado para terminar a história que ele estava escrevendo). Um jornalista de Camarões, que trabalhava em uma história sobre Issah Hayatou, o presidente da confederação de futebol da África, foi intimidado a tal ponto que desistiu do jornalismo. O FAIR decidiu empreender uma investigação mais profunda sobre o estado do futebol no continente, coincidindo com a Copa do Mundo.

A investigação se focou na pergunta: por que a África estava tendo um desempenho tão ruim nos jogos da Copa, enquanto os jogadores africanos obtinham tantas vitórias na Europa e em outros continentes?

Charles Rukuni conta que o projeto se baseou numa investigação muito além do futebol. Da equipe de sete repórteres, apenas dois cobriam esportes. Os outros eram puramente repórteres investigativos. 

A maior dificuldade, ao longo da investigação, foi em conseguir as evidências documentais, especialmente sobre as atividades corruptas dos executivos das associações nacionais. “Algumas das fontes ou oficiais do governo pediram aos repórteres suborno para entregar os documentos. Alguns eram bastante críticos para a investigação. A nossa política, no FAIR, é que não devemos pagar por fontes de informação ou documentos. Esse foi o maior dilema que tivemos que enfrentar”, diz Rukuni.

As respostas a essa investigação complicada e exaustiva vieram rápido. “Ficamos bastante impressionados com as respostas ao nosso artigo. Valeu a pena. Os oficiais que denunciamos na Nigéria e Zimbábue foram demitidos”. 

 

Jornalismo esportivo

Em sua opinião, “as notícias esportivas oferecem uma oportunidade aos jornalistas de serem criativos e é um bom campo para o treinamento de estilo. O único problema é que alguns jornalistas esportivos acabam sendo mais agentes de relações públicas dos patrocinadores (…) e os leitores podem facilmente ver através disso”. 

Para os repórteres brasileiros, Charles Rukuni observa que “a Copa do Mundo não é apenas sobre futebol. É maior que apenas um mês em que 32 times jogam por uma taça. Mais importante que isso, a Copa do Mundo não é uma história sobre esportes. É uma história sobre a mídia. Só se torna cobertura esportiva quando o primeiro jogo começa. Os repórteres do Brasil devem começar a noticiar a Copa do Mundo agora”.

 

7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Quando: 12, 13 e 14 de julho de 2012

Onde: São Paulo - Universidade Anhembi Morumbi - campus Vila Olímpia - unidade 7 (Rua Casa do Ator, 275)

Inscrições: http://bit.ly/7Congresso


Assinatura Abraji